Ele não gosta de números nem de estatísticas, não quer ser mais um nas planilhas institucionais. Dia 6 de junho, o estudante do 3º semestre de História da Univates, Fernando Zanatta, 23, atravessa os oceanos para alcançar Moçambique, ex-colônia portuguesa, país de natureza exuberante, que viveu 16 anos de guerra civil, hoje governado pelo presidente Armando Guebuza, em um governo que se preocupa mais com o desmatamento ilegal de pau-ferro e sândalo em suas florestas, do que o comercio legal de órgãos humanos.
O CONTATO
Uma ligação por celular, de Edi Brito, coordenador da Ong Paz para as Nações, de Moçambique, interrompeu nossa conversa.
O Pastor queria acertar detalhes da viagem e convidar o estudante lajeadense para prosseguir viagem até o Sudão. Enquanto falavam lembrei de Marcelo Furlanetto, mesma idade de Zanatta, que morreu de malária em Moçambique no mês passado. Trabalhava voluntariamente em uma ONG ensinando conceitos ambientais e sustentáveis e lecionava música a jovens moçambicanos entre 12 e 15 anos.
Assim como Fernando, o rapaz de Garibaldi também queria fazer a diferença na sociedade em que vive. Zanatta pretende dar aulas de História e Português para crianças e ajudar na construção de poços artesanais de água.
Telefonema encerrado, pergunto se Fernando já está com as vacinas em dia.
Não existe vacina para malária, mas também ninguém procura a África Austral para fazer turismo. Muito menos para ajudar 180 crianças miseráveis que buscam sobreviver na savana à fome e a sede. Zanatta está com a vacina da febre amarela em dia, por conta de suas andanças por uma boa parte da América Latina, onde até fome passou. Viajava de mochila e no dedão, à exemplo dos mochileiros nos anos 70 e 80.
POR QUE A ÁFRICA?
O convite surgiu através de um amigo de uma amiga que já participou desse tipo de missão: “Quero ver de perto o berço da humanidade. Não foi de lá que todos viemos? Quero entender um pouco mais da civilização africana.”
Uma vez em Moçambique, Fernando deve conhecer também a maior concentração de refugiados do mundo: o Campo de Dadaab, no Quênia, onde morrem 15 crianças por hora e fome. Dezenas de organizações não governamentais tentam ajudar os africanos. Zanatta quer ver de perto como elas funcionam e se as doações realmente chegam até lá.
Conta com o apoio discreto da Univates, que o liberou das aulas, que sabe que uma experiência na história contemporânea vale mais do que a contemplação de livros e retórica do passado.
A sua volta para o Brasil está marcada para o dia 8 de julho.
Quando desembarcar, Fernando Zanatta já terá completado 24 anos e, com certeza, voltará com um olhar mais triste e a alma mais revolucionária ainda do que já tem.
O Zanatta é um cara que surpreende; poderia ser mais um viciadinho da Univates em Lajeado, mas está dando vôos mais altos. Legal Zanatta, vai em frente, Deus te abençõe!
ResponderExcluirÉ de pessoas assim que precisamos! Jovens com iniciativa e alma revolucinária, que acreditem em um mundo melhor. Parabéns Zanatta, tu és inspirador.
ResponderExcluirPena que vai se decepcionar ainda mais com sua cidade e pelo modo Lajeado Street Style de viver (muita futilidade e valores distorçidos)
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