Ontem, o Cinema dos Vereadores atraiu cerca de 60 telespectadores, um pouco mais no fluxo...
Foram até lá para assistir a comédia de terceira categoria da cara de pau dos atores desse medíocre filme.
Infelizmente fiquei apenas uma hora. Se ficasse mais, vomitaria.
Mas a minha colega de profissão, Pita, permaneceu até o fim da sessão.
Estava lá como eleitora, contribuinte. E não segurou a barra.
Os vereadores, diferente do que alguns imaginavam, aumentaram o salário através de uma emenda. Contou ela:
“Seis se levantaram para aprovar mil a mais por mês.
E na hora em que se questionou: alguém quer falar algo?
Ninguém deles se levantou para justificar.
Não sou política, esqueço o nome dos partidos, mas naquele momento me senti ofendida.
Não por mim, mas por todos os 71 mil habitantes.
Eu queria que as 50 pessoas que estavam na plenária fizessem coro a mim.
Eu me senti tão sozinha.
O presidente da Câmara pediu que eu respeitasse os vereadores quando eu num impulso gritei alguma coisa que nem lembro mais.
Mas eu disse: “e os vereadores estão respeitando o povo?”
Ninguém falou.
Eu passei por insana.
Chorei, não consegui conter as lágrimas.
Chorei profundamente porque pela manhã, eu havia ido num protesto e visto que as mães tinham filhas doentes porque não conseguiam médicos para sua prole.
Tinha um homem com uma protuberância horrível na barriga e ele só seria atendido em 20 dias.
Chorei pelo povo e por mim.
Chorei porque eu acreditei que o povo poderia se manifestar.
Porque as pessoas sempre pedem a ajuda da imprensa para protestar sobre o buraco de rua, a falta de médicos ou o aumento do IPTU.
Quando fiz o que fiz, levantando na plenária, eu senti que as pessoas me olhavam com dó. Algumas tinham até vergonha de mim.
Eu achava que elas tinham de ter vergonha deles.”
* Minha total solidariedade a Pita. E uma vaia bem grande a todos aqueles que compareceram e não apoiaram sua manifestação solitária.
Nós merecemos essa Câmara de Vereadores. Talvez seja por isso que todos rezam antes da sessão. Que em 2013 venha uma Câmara pior ainda do que essa.