Domingo, em sua coluna na ZH, o jornalista Flavio Tavares foi definitivo:
“Quando a TV nos mostrou o ministro Gilmar proferindo essa frase,
'jornalistas e os cozinheiros são a mesma coisa' – grifo meu
ao ler seu voto no tribunal, senti no ar o odor da sabedoria do Conselheiro Acácio.
Esse personagem de O Primo Basílio, de Eça de Queiroz, passou à história como representação da obviedade medíocre que, em público, tem a empáfia do incontestável sabichão.
A ironia retrata o setor dominante da sociedade portuguesa do século 19 e daí surgiu o termo “acaciano”. Hoje, os jovens dizem “óbvio ululante”, copiando o sentido do termo de Eça.
A comparação do presidente do STF é estapafúrdia.
Mesmo sem o dizer, o tribunal considerou o jornalismo profissão “desprezível”, dessas que não exigem formação nem conhecimento. Não tomou em conta que a informação forma a opinião pública e que, a partir daí, surgem as linhas de ação da sociedade.”
(...)
Exerci atividades em jornal, rádio e TV no Brasil, México, Argentina e na Europa desde 1955.
Formei-me em Direito na PUC, em Porto Alegre, e cursei Biologia na UFRGS. Não tenho diploma de jornalista, só registro profissional. Em 1963, integrei o grupo da Universidade de Brasília que criou a Faculdade de Comunicação de Massas, extinta em 1965 pela ditadura, pois “massas” era termo “subversivo”.
Sou crítico do atual currículo e metodologia das faculdades de Comunicação. Boa parte delas são “acacianas”, com balofa pompa, em que ditam regras especialistas que jamais entraram num jornal, rádio ou TV.
Por isso, sinto-me à vontade para discordar da decisão do Supremo ao abolir a exigência de curso superior de Jornalismo. Mesmo deficientes, as escolas de Jornalismo conseguem dar rumos e os talentosos aparecem.”
Do jornalista Deraldo Goulart, em Brasília, recebo uma nota confirmando que "o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) já conseguiu coletar 40 assinaturas de apoio à apresentação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que exige diploma de curso superior de Comunicação Social para o exercício da profissão de jornalista.
Para a apresentação da PEC são necessárias 27 assinaturas.
Segundo a proposta, o exercício da profissão de jornalista será privativo de portador de diploma de curso superior de Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, expedido por curso reconhecido pelo Ministério da Educação."
Conforme Deraldo:
“Quanto a Proposta de Emenda Constitucional vai ser uma pedreira aprovar, porque são dois turnos na Câmara e dois turnos no Senado sendo que há necessidade de dois terços de cada Casa. A mobilização terá que ser tremenda, senão os donos da mídia detonam a proposta.”
terça-feira, 30 de junho de 2009
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3 comentários:
A propósito, Laura, sou professora aposentada e que trabalha...se fosse jovem seria diarista ou lavadeira, como tu rsrsrs...o custo-benefício seria maior, com certeza.
abraços
Maria Alice
Lady Laura.
O Flávio eu admiro e respeito, embora não o conheça pessoalmente Desnecessário dizer a razão, pois temos idades próximas e vivemos na mesma época. Quanto ao diploma digo que têm muitos com diploma escrevendo e dizendo coisas terríveis em todos os meios de comunicação. Lembro um fato. Semana passada uma apresentadora de notícias na televisão leu o seguinte:...quebrou a costela. Como nós humanos temos vários arcos costais em ambos os lados pensei que podia tratar-se de algum alienígena. Outro dia uma repórter cobria um jogo do Grêmio e durante o primeiro tempo disse várias vezes meninos se referindo aos jogadores. Findo o primeiro tempo ela entrevista um dos “meninos”, o Jadilson que tem apenas 34 anos. Eu nem sabia o nome da mesma. Então mandei nota que o Prévidi postou no site dele, na qual eu perguntava quando o Jadilson deixaria de ser apenas menino. Postada a nota, no dia seguinte alguém da repetidora mandou um recado me informando que o nome da jornalista é Débora de Oliveira. O mesmo também foi postado no site. Hoje o grande problema que os jovens têm é que não mais lêem e quem não le não consegue formar um vocabulário mínimo necessário para bem expressar-se e muito menos para escrever. Outro dia um cronista bobão da repetidora resolveu criticar a não queda dos preços dos combustíveis no mercado interno depois da queda do óleo cru no mercado internacional. Ele foi colega no estado. Obriguei-me a escrever artigo que foi postado no www.litoralmania.com.br e no www.previdi.com.br sobre petróleo, desconstruindo aquela crítica idiota. Outro dia ZH trouxe título de matéria em que apresentava “caminhões suspeitos”. No final desta tarde uma notícia em ZH digital dizia que matadores de professor em Caxias do Sul haviam sido condenados por seqüestro relâmpago. De onde saiu essa tolice? Esse tipo penal faz pouco que foi introduzido em nossa legislação penal, logo não poderia ter sido aplicado a crime anterior à sua vigência. Isto é tudo fruto da falta de conhecimento, ou seja, leitura.
Ter diploma e não ter talento é como vestir a camiseta do Kaká ,chuteiras do Kaká, calção do Kaká ,mas...na hora de fazer o gol tropeçar na própria sombra...
O jornalismo vai ganhar em termos de qualidade agora..
Empresas de gabarito poderão buscar profissionais que se negaram a pagar 5 anos de babaquices em faculdades e precisam trabalhar de "ghosts" prá mostrar talento....
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