Uns dizem que pertence a Leon Tolsoi, outros creditam a Ivan Sergeievitch Turgueniev, a autoria da máxima “Se queres ser universal, pinta tua aldeia.”
Bom, os russos que se entendam entre caviar e girassóis. Mas é uma frase que sempre me calou fundo.
E de tanto observar as nossas esquinas, de recuperar vestígios no passado, ouvir as comadres nas rodas de chimarrão e lá se vão as parcas tecendo o destino da nossa imaginação. Daí para a tela do computador é um susto e quando você se dá conta já urdiu um conto, uma crônica ou um poema. Então nasce um personagem, um amor ou uma traição. Ou tudo morre fugazmente sem chance de se remendar e a trama boba vai para o lixo. E assim volta e meia a minha lixeira de fantasias transborda.
Agora na Bienal de São Paulo ouvi a escritora e filósofa Márcia Tiburi afirmar que “Escrever é roubar histórias dos outros.” Também, também.
Mas admiro muito quem escreve ficção científica ou sobre bruxos e fantasmas translúcidos. Admiro os roteiristas de cinema que tratam sobre esse tema.
De onde buscam inspiração? Qual é a “aldeia” deles? Como constroem tanta aventura e destemor? Parece que já nasceram globais: sua literatura é compreendida entre os terráqueos dos dois hemisférios e por todos aqueles que voam em vassouras do lado de cá e de lá de Greenwich.
Não eu. Mal consigo me traduzir na ficção.
É uma dureza. Muitas vezes não flui.
Estou vendo tudo na minha frente: as baixarias e as delicadezas, mas o tom dramático não se constrói. E ainda a tal da concisão, a estranheza, sem isso, lá se vai mais um conto que não disse para que veio. Não provocou.
A metáfora da aldeia também serve para ilustrar o interior dos escritores que se acham tão oniscientes, mas que também se culpam e se intimidam quando alguém lê os entendimentos literários deles. Fica o leitor querendo descobrir o que o autor buscou miudar com intenções apenas de entretenimento: partos, desejos e raivas.
Quando abro os jornais vejo que a realidade é muito superior a ficção. Até perco a graça.
Mesmo assim, convido a família, os leitores desconhecidos, os amigos e a galera do feicibuki, enfim toda minha aldeia, para o lançamento do livro “Intrigas da Colônia”, dia 21 de agosto, a partir das 17h, no SESC, que mais uma vez também apoia esse exercício de vida, desta vez, meu fazer literário.
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