sábado, 30 de agosto de 2008

Humor de sábado

Como disse uma amiga minha: os pavões dessa cidade desfilam atrás de votos.
Esses dias encontrei um, totalmente verde e chapado...

Sirenes internas

A censura é uma merda.
Ruim é a censura da família.

Mas, pior, muito pior, é a auto-censura.

Quando a gente começa a medir as palavras.
A morder a língua.
A fechar os olhos.
Ignorar emails.
Desligar o telefone.

Auto-censura é foda.

Tá na Constituição Federal:
“É livre a manifestação de pensamento, cada um responderá pelo excesso que cometer”.

Mas, o que é excesso?

O que significa, exatamente, liberdade?

Existe meia liberdade? Meia grávidez? Meio gay?

Pode existir meia liberdade de imprensa?

Não foi Voltaire quem disse:

"Não concordo com uma só palavra do que dizes,

mas defenderei até a morte o teu direito de dize-la"?

De repente, a auto-censura, feito um abutre sobre o espírito agonizante,

aguarda silenciosa o momento do flagelo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Belém do Pará...

Um outro Brasil...

"...a perda do equilíbrio ambiental, acompanhada de erosão cultural,

injustiça social e econômica e violência,

como o colorário da sua falta de percepção,

do seu empobrecimento ético e espiritual,

também fruto de um tipo de Educação que 'treina' as pessoas

para ser consumidoras úteis, egocêntricas

e ignorar as consequências ecológicas de seus atos"

Genebaldo Freire Dias

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

L’amitié

Filme francês arrepia meus amigos. Não indico para a família.
Mas acabei de assistir Mon meilleur amici.
Um homem sem amigos precisando provar que ele

é capaz de afeiçoar-se a um amigo:
o melhor amigo.


Como se faz amigos? Onde e quando conhecemos o melhor amigo?
O que temos em comum? Por que brigam os bons amigos?
Pergunta o personagem do ótimo Daniel Anteuil.

Vou mais longe:
Como nos sentimos quando descobrimos que fomos apenas usados por um amigo?
Nossa amizade serve para tapar furo num coração que procura um amor,
não uma amizade? Quando uma amizade passa a ser
uma vantagem profissional?
E os amigos de trabalho?


São interesseiros – diz o professor no curso “Como fazer amigos”.
E continua: “Como nos dias de hoje o trabalho, a família e o governo não nos protegem mais, a amizade volta com força total”.
“Se você é amigo de todo mundo, não é amigo de ninguém”.

É.... já dá uma boa mesa de discussão.
Na França, talvez. Porque no Brasil, as amizades sempre estiveram em alta.
Sintetizada no gen tupiniquim.
O filme, entre outros déjà vu, ainda apela para um ícone:
O Pequeno Príncipe.
Mas, tudo bem: é hilário e comovente.

E não é à toa que escolheram um vaso para simbolizar a amizade...
Quantas flores cabem no seu vaso? Uma? Um buquê?
Rosas ou flores do campo? O vaso está rachado?
É de cristal ou de cerâmica?
Onde você expõe o vaso na sua casa?
Ou ele está guardado dentro de um armário?
É isso. Assistam o filme.
E acreditem: os franceses também sabem fazer comédias.
Inteligentes, claro!


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Desilusão



Hoje uma professora me disse da sua tristeza quando viu pela primeira vez a destruição do bosque do Ceat, no centro.


"Foi um impacto muito grande. Uma senhora humilde também parou na frente e sacudindo a cabeça, dizia ' Por que, meu deus?'.

Nem soube o que responder. Se eu fosse professora do Ceat, pedia demissão. Uma vergonha. O que os professores de lá dizem para seus alunos? Como vão falar sobre meio -ambiente?"

Volta e meia alguém toca no assunto. E sempre desaprovando.

Uma aluna do colégio me mandou um email dizendo: "o desmatamento teve apoio dos pais, tu sabia?"

Sim, sabia.

Cidade pequena, a nossa.
Vou no super e encontro o diretor da escola pesando legumes.
Pessoas normais. Ele, eu, o leitor.
Pagamos nossas contas.
Assinamos jornais.
Almoçamos com nossos filhos.
Assistimos tevê juntos na sala.
Brincamos com o cachorro...
Mas, como pode, que de repente, nos transformamos em monstros?

Leituras da madrugada


Será que é burrice deles,
ingenuidade minha?
Será que é falta de visão deles,
burrice minha?
O que será?

(Lembrei o Chico...
"O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia...")


Assim ó, pensemos juntos:
as pessoas saem de Porto Alegre e vem para o interior para criar os filhos com mais segurança e tranquilidade. Em busca de qualidade de vida.
Os governantes só pensam em progresso e em se perpetuar no poder.
Às vezes, pensam em turismo.
Se pensam assim porque não pensam em manter as ruas com paralelepípedos?
Uma cidade sem asfalto como era antigamente, antes dessa imundíce?
Uma cidade com universidade, com jardim botânico, com shopping, com parques, com avenidas arborizadas e sem asfalto.
Alguém pode imaginar que uma cidade assim não teria mais chances
de atrair turistas? De propagar qualidade de vida?

Não. Os empresários do asfalto sustentaram as eleições passadas.
Cumprindo o mandato é preciso a contrapartida.

Lajeado é uma cidade brega até não poder mais.
E a culpa é dessa gente jeca que há anos se instalou na prefeitura.
Dessas associações que não reivindicam nada, pelo contrário, comungam.
E o povo? O povo que aplaude, que ostenta diplomas na parede,
medalhas no peito, achando sua cidade, o máximo.
E ainda tem os formadores de opinião. Em cima do muro.
Contam com o apoio dos governos para seus projetos pessoais.

Antes de dormir penso nisso.
Sem sono, abro Lipovetsky para ler:
"Por toda parte o espírito modernista insurgiu-se contra o kitsch, a tradição ornamental, a estética do supérfluo..."
Caio dura.

domingo, 24 de agosto de 2008

Varalzinho da Zi



- O que é isso, Zi?
- É umidade. Até a palha de aço tá enferrujando.
Daqui há pouco tiro tudo daí.
- Deixa. Pode deixar.

E saí correndo pra buscar a digital.
Uma instalação na minha cozinha:

Varal da Zileide.

Na vida, tudo é uma questão de interpretação, não é?
De análise estrutural...

Eu não sei porque a gente complica tanto:
Árvores são árvores.
Nas ruas, nos quintais, nos parques.
E varal é varal. Feito pra secar.
Dúvidas e suspeitas.

Obrigada, Zi.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Fernando Pessoa


De tudo na vida ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre continuando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que de que seremos interrompidos antes de terminar...

Portanto, devemos:

Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...

sábado, 16 de agosto de 2008

A rival


Ele comprou uma Fender.
Ta feliz.
Eu já quis um jeep, um bistrô, uma viagem à Paris.
Ele, uma Fender.

Quando se aposentar vai só tocar a Fender.
E eu?
Vou caminhar na praia.
Vou ter meu mato e plantar chás e temperos.
Vou fazer um curso de parteira.
Quando eu ficar velha vou andar com um vestido encardido
e tomar banho de mar pelada, assustando os surfistas.
E os peixes.
Mas, agora ele comprou uma Fender

e passa horas tocando, sozinho.
Tirando som, acariciando as cordas, brincando...

E eu?

Viver em Laranjeiras é um luxo.

Esses dias, numa roda de comadre, me perguntaram o que eu considerava um luxo.
Porque alguém havia lido, numa revista qualquer, uma reportagem sobre o assunto.

Fiquei pensando que luxo é algo muito valorizado.
Luxo é supérfluo? É simplicidade?

Um intelectual que consegue manter a simplicidade de escutar, de trocar idéias
sem se achar o dono da verdade, é um cara de muito luxo.
Sei... a maioria é tão afetada.

Conviver com pessoas de espiritualidade letrada é um luxo.
Como dizer isso para amigas tão queridas?

Se luxo é independência financeira. Então tô cagada.

- Seja mais prática!
- Luxo é ter água quente na torneira. É tomar uma boa ducha.
- Ta brincando?
- Pior que não...
- Outra coisa, vai.
- Luxo é ter um mentor, um guia , um...
- Não serve um psiquiatra?

Aí, a mais velha das comadres, suspirou e disse:
- Luxo é chegar nos 64 e ter um amante trinta anos mais novo.

E foi isso. Até o luxo acaba em sexo. Culpa dos x...

Foram-se as goiabas...


Não é possível...

A Net foi dar pau justo no jogo Brasil x Camarões?

Ligo uma, três, cinco vezes para 3726 4555.

Além de demorar para completar a ligação,

a bosta ta sempre ocupada.

Ontem a Telecom ligou. Me pegou de bom humor.
- O sr.X está?

- Não, ele fugiu... E desatei a chorar.

Continuando meu drama pessoal:

- Ele fugiu com uma mulher mais velha... soluços
Você ta escutando, querida? Buáááá´.... Uma mulher
que sabe cozinhar de verdade.... Buáááá´....

- Muito obrigada, a Telecom agradece...

Sentindo-me bem melhor, ataquei a geladeira.

Atualmente, a geladeira se comporta dessa forma:
iogurtes de soja (que todo mundo ignora),ovos de
codorna,margarina becel, restinho de atum (light)
e um vidro de grãos triturados.

No andar das frutas: limas, melão, morangos,
maçãs e peras.
No porão: alface, rúcula, cenoura, agrião, radite.
No sótão, congelado: aipim cru, peixe, polpa de
graviola, dois potes de lentilha sem gosto e gelo
de couve verde.

Ontem jantávamos uma linda salada e de repente me
senti um bicho.Não sei especificar que tipo
de bicho.Mas com certeza um bicho que se alimenta
de folhas e grãos.

O que aconteceu nessas duas semanas de
reeducação alimentar?
Minha pele ficou mais interessante.
Minha barriga desinchou e os gases evaporaram.
O cocô virou pasta verde e o xixi clareou.
Acho que até dá para beber.Existe uma teoria.

Mas, os neurônios continuam embotados,
porque cada vez que encontro um candidato à vereador,
ou recebo, emails deles, tenho vontade de vomitar
toda aquela pasta verde, frutífera,
que está reeducando meus orgãos internos.

Mas, daí seria desperdiçar minha energia alimentar
e todo meu esforço de adaptação para o futuro milênio:
comer papelão.