Os famosos e os duendes da morte

“Neste ano em que a Première Brasil inaugura uma série de novas categorias para o troféu Redentor, como melhor fotografia, roteiro e montagem, "Os famosos e os duendes da morte", de Esmir Filho, exibido ontem no Odeon, credita uma primeira candidatura forte a um prêmio na competição de ficção:

Áurea Baptista para melhor atriz coadjuvante.

Na delicada adaptação do romance homônimo de Ismael Caneppele, pilotada por um dos mais criativos curta-metragistas do país, Áurea se calca na força de um olhar de perda para sintetizar a agonia de uma mãe viúva que luta para preservar um fio de comunicação com o filho. Fã de Bob Dylan, cujo repertório é representado na telona por "Mr. Tambourine Man", o garoto (Henrique Larré), que cicatriza na blogosfera suas feridas existenciais, é um adolescente do Vale do Rio Taquari, região de colonização alemã no interior do Rio Grande do Sul, localizada a cem quilômetros de Porto Alegre.

Mesmo demorando para engrenar, "Os famosos e os duendes da morte" se arrisca por um terreiro pelo qual o cinema brasileiro de longa metragem pouco circula: o entendimento da geração MSN, aquela que aprendeu a dizer não em forma de ctrl+alt+del. Esmir mapeia a inquietação de uma geração que se expressa em um terreno - a web - onde qualquer desabafo pode virar um postulado de wikipedia. Seu desafio está em acompanhar a maneira como seu protagonista sem nome se relaciona com a vida para além da armadura do micro onde faz versos madrugada adentro. E nessa jornada, a figura materna será um filtro para canalizar as raspas e restos de mágoas entaladas.
A produção estréia em março de 2010, com distribuição via Warner Bros.”

http://oglobo.globo.com/cultura/festivaldorio2009/mat/2009/09/28/os-famosos-os-duendes-da-morte-forte-candidado-premio-no-festival-do-rio-767808564.asp