terça-feira, 31 de agosto de 2010

PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: DESTRUIR OU PRESERVAR?

Quando observo os casarios da minha cidade e da cidade dos outros em nossa região, penso que ainda sobrevivem, estão de pé, por pura sorte, alguns.

Por insistência e valentia, poucos.

Uma fúria ignorante e avassaladora dos governantes e construtores deita por terra a história da cidade, arrasando sua identidade cultural e impelindo à destruição nós próprios.

Retórica?

Não.

É ganância pura e interesses traiçoeiros dos que se dizem autoridades na cidade: o aniquilamento do passado. Afinal, quem se importa com o passado?

A Europa se reergue dos escombros de suas guerras, reconstrói tudo, preserva, conserva e recebe milhares de turistas todos os dias. E tudo é fotografado assombrosamente: prédios, pontes, ruas com calçamentos antigos, monumentos, hospitais, casarios, escolas, templos, muralhas e muros, ruínas.

E nós?

Destruímos e edificamos prédios e condomínios de arquitetura de péssimo gosto, para logo em seguida, nas salas refrigeradas discutir ações para atrair turistas para a região.

As mentalidades tacanhas não conseguem preservar o que nossos antepassados, com tanto suor e esforço, construíram. É difícil manter, dirão.

Claro, mas o patrimônio arquitetônico privado depende de incentivos fiscais para que atravessem os séculos, preservados, íntegros.

Mas ninguém se coça.

A palavra de ordem?

Restaurar para revitalizar ruas e bairros, sendo as prefeituras responsáveis pela cultura historiográfica de nossas cidades. Deveriam sentar com os proprietários, dialogar e pautar ações de preservação em conjunto.

Então, o que realmente queremos deixar para posterioridade?

Como queremos ser vistos?

Será que as futuras gerações vão nos cobrar um passado?

E se cobrarem que respostas teremos em defesa do patrimônio cultural da cidade?

Preservar é um compromissos de todos.

E saibam que a alma de um povo se traduz por sacadas e assoalhos antigos, portas e venezianas misteriosas, escadas e sótãos obscuros.

Fora isso, cidades estéreis de humanidade mais estéril ainda.

* Publicado no jornal Antena de Encantado.


Um comentário:

serjao disse...

PRESERVACAO, JA!