segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O VAZIO DE CADA UM


“Como esse hábito ridículo de sufocar-se pode substituir um maior, um momento de reconhecimento e glória?

É o tabagismo, primo pobre da mesma família à qual pertencem o álcool e as drogas.
Destinos diferentes, o cigarro significa uma morte lenta e gradual, o álcool um prazer que leva os fracos à destruição, enquanto as drogas são muito mais perigosas, por quê?

Um drogado não precisa ter, como meu amigo, o que comemorar.
Sua droga não é para depois, para realçar algo bom ou aplacar algo ruim, para dar-se um descanso, como o cigarro ou o vinho: ela substitui a vida.


Aqueles q encontram em seus “controláveis” vícios “um veneno antimonotonia”, como cantava Cazuza, tendem a ser condescendentes com a droga, uma espécie de solidariedade inconsciente.

Ela exerce fascínio sobre todos, afinal, a vida fica simples como a morte: acabaram-se os problemas.

Quando um bebê sente mal-estar ele chora, e sua tendência, assim como a de sua mãe é colocar o peito no lugar desse sofrimento, o q em geral funciona, nem q seja por instantes.

A droga é como essa fantasia do bebê em relação ao peito: fuma-se, cheira-se, injeta-se um prazer, o qual de imediatamente suprime a própria vida e principalmente seus buracos.”

Diana Corso
Psicanalista

Zero Hora

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