terça-feira, 4 de maio de 2010

FRONTEIRAS ABERTAS: MIGUEL NICOLELIS

Ontem estive no Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre.
Com um atraso de meia-hora e diferente de outras edições, um pianista gaúcho abriu a noite tocando Chopin. Desta vez sem a execução do hino nacional, farroupilha ou do Grêmio.
Nunca tinha ouvido falar do dr. Miguel Nicolelis,49; nos Estados Unidos há 21 anos. Embora uma rápida vasculhada da rede mostra que o médico já foi entrevistado por todos programas de tevê, revistas e sites especializados: para muitos nada do que ele disse foi novidade. Para esta blogueira colona, tudo era.

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Nunca tinha ouvido falar até ontem - quando vi e ouvi o neurocientista emocionado, voz embargada, tentando fazer com que o povo e o governo entenda - definitivamente - que os talentos humanos estão em todos cantos deste brasilbrasileiro, porem sem oportunidade de se manifestarem pela falta de programas sérios de saúde, comida e educação – na minha leitura final para esta conferência.

Quando terminou de expor suas idéias e esperanças, toda aquela gente pensante que lotava a reitoria da Ufrgs se levantou e aplaudiu demoradamente o cientista brasileiro, entre os vinte mais influentes do mundo e cotado para o Premio Nobel de 2010.

Nicolelis, que conhece o Rio Grande do Sul pelos olhos de Érico Veríssimo, é um sujeito simples, mas tão simples e bonachão que você jura que acabou de cruzar com ele numa quadra de bocha em Santa Clara, tomando cerveja com os amigos.

Dono de um currículo interminável e invejável, Nicolelis aposta todas suas fichas numa ciência que busque melhorar a educação de povo, porque só assim esse povo terá condições de mudar o destino do seu país; o conhecimento é um agente de formação do cidadão, enfatizou por diversas vezes. Os governos sabem e morrem de medo... Talvez, por isso, o nosso em Brasília, continue a dar o peixe, sem nunca ensinar a pescar.

Mas, dr. Nicolelis estava ali para apresentar suas pesquisas com a macaca Aurora; a força do pensamento no controle de um braço robotizado, numa interface máquina e cérebro, que no futuro pode auxiliar os tetraplégicos, os portadores de Parkinsson e outras deficiências.
(veja o vídeo acima)

Laboratórios modernos estão sendo construídos em Macaíba, em plena caatinga no Rio Grande do Norte. Uma revolução científica e espiritualizada, no meu entender. Porque, sem descuidar das inteligências artificiais, zelam pelas naturais, num dos lugares mais pobre do país. Mais: os cientistas brasileiros que atuam no exterior já estão voltando para se aliarem ao sonho de construção de tecnologia de ponta, graças a iniciativa privada, como fez questão de assinalar Miguel Nicolelis.

O que mais gostei de ouvir?
Que a inteligência sempre será artificial, nunca humana, nunca capaz de criar poesia.
Assim, nunca substituirão o Homem. O resto é cinema.

Bom, ainda fico devendo as tempestades cerebrais, a sinfonia neuronal e outras questões acadêmicas. Quem se interessar, procure no Oráculo Google.

Um comentário:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Laura discordo e não aceito tua afirmação de que és uma colona. És modesta demais. Ninguém domina todo o conhecimento e sabes muito bem disto.
Este pesquisador é extremamente modesto e um brasileiro preocupado com a cidadania deste país, mais, mas muito mais mesmo do que a classe política que só pensa em colocar cada vez mais dinheiro no bolso. Já o conhecia faz um bom tempo. Como ele temos muitos mesmo não só lá fora como aqui dentro. Ele é palmeirense de quatro costados e fez questão de conhecer o Ademir da Guia que segundo ele foi o jogador mais "cerebral" da historia. Como se percebe ele é mesmo fanático por essa massa cinzenta que a grande maioria carrega sem saber o porquê ou como usá-la.

Até alguns anos passados nas próteses de quadril era empregado metal. Ocorre que hoje é usado um polímero de mamona, criação de outro brasileiro, este na Universidade de São Carlos. Este material é igualmente usado em próteses de maxilar. A grande vantagem que o oferece é que sendo orgânico evita rejeição. Isto é algo que infelizmente não interessa não só as editoras de jornais e revistas como ao público em geral preocupado com o futebol, as novelas e os big bostas da vida.