1 Todo inicio de ano, uma aflição quando as
relações dos melhores livros do ano que findou são publicadas. Escritores
indicam seus colegas. Críticos e suplementos literários indicam livros de
editoras “amigas”. E você se dá conta de que não leu nada do que andam
publicando por aí. Na www, blogueiros indicam
os melhores dos melhores em uma lista de quinze ou de dez livros imperdíveis. E
você e eu não lemos nem unzinho sequer. Aí um pervertido literário lista Os 50
Melhores Romances da Década. Um ou dois, sim, até a gente passou os olhos. Então publicam Os 100 Melhores Contos, As Cem
Melhores Poesias, Os 100 Melhores de Filosofia, Os 100 Mais Influentes do
Mundo, ai, socorro, Os 500 melhores desde Gutenberg. Alguns, quase nada li. E
duvido que você tenha lido. Du-vi-do. Então se eu pudesse falar para alguém que
hoje anda por volta dos 20 anos (30?) e ainda gosta de ler, aconselharia que
fosse direto aos clássicos.
2 Ta certo que na minha idade não posso me
dar ao luxo de interstícios temporais.
Imagino que se em cada ano eu ler três premiados com o Nobel
de Literatura ou três livros que influenciaram a história da humanidade e
supondo que viva até os 90, teria tempo para uns 100 livros desses indicados
pelos especialistas literários. Ou, talvez
eu consiga ler uns 30 ainda? Dez? Dez. E ainda seria muito otimismo meu. Posso
morrer atropelada antes. Ou ter um derrame. Ou bala perdida. Viver é questão de
sorte, repete a doutora Sonia.
3 Por esses dias dei de cara com uma destas
listas: Os 100 Livros do Século.
Também vi que o jornal francês Le Monde listou 200 livros,
orientado por livreiros e jornalistas, e perguntou a 17 mil franceses "Que
livros ficaram na sua memória?"
O Estrangeiro,
Albert Camus. Em Busca do Tempo Perdido,
Marcel Proust .
O Processo, Franz
Kafka. O Pequeno Príncipe, Antoine
de Saint-Exupéry.
A Condição Humana,
André Malraux. Adivinhem qual o que já li?
Em janeiro, o jornal O Globo listou os 10 melhores de 2012.
Entre eles, três autores gaúchos: Barba
Ensopada de Sangue, de Daniel Galera. Solidão
Continental, de João Gilberto Noll. Um
Útero é do Tamanho de um Punho, de Angélica Freitas.
Não sei nem por onde começar. Juro. Mas, seguindo minha
intuição fui à Biblioteca Pública e retirei A Montanha Mágica, de Thomas Mann. Clássicos são sempre
desafiadores.
* Hoje é o Dia do Bibliotecario! Parabéns a todas que conheço por aí...
** Minha crônica nos jornais Opinião, de Encantado e A Hora, de Lajeado.
Um comentário:
Montanha Mágica é um dos livros preferidos do saudoso Renato Russo, tendo ele feito uma música com esse título.
Segue a letra do álbum V de 1991 onde ele relata um pouco da sua dependência química. Vale lembrar que em 1990 Renato descobriu ser portador do vírus HIV.
Sou meu próprio líder, ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio sorriso, meia lua, toda tarde.
Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal.
Ficou longe o que tinha ido embora
Estou só um pouco cansado
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói
E não há nada a fazer agora
Pra que servem os anjos?
A felicidade mora aqui comigo
Até segunda ordem
Um outro agora vive na minha vida
Sei o que ele sonha, pensa e sente
Não é coincidência a minha indiferença
Sou um cópia do que faço
O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais
Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal.
Existe um descontrole, que corrompe e cresce
Pode até ser, mas estou pronto pra mais uma
O que é que desvirtua e ensina?
O que fizemos da nossas próprias vidas?
O mecanismo da amizade.
A matemática dos amantes
Agora só artesanato
O resto são escombros.
Mais é claro que não vamos lhe fazer mal
Nem é por isso que estamos aqui
Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio 38
Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
Chega! vou mudar a minha vida!
Deixar o corpo encher até a borda
Que eu quero um dia de sol num copo d'água
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