PÁSCOA...

É novamente Páscoa.

Todo ano uma ressurreição?

Sim. Porque todos os anos nos propomos uma reinvenção.

Renovamos nossa fé na humanidade, não é mesmo?

Em ano político mais ainda!

Uns realmente parecem que ressuscitam mesmo - e deixemos que cada leitor use de sua própria imaginação.

Para os católicos, a Páscoa é a data mais importante do calendário.

Para outros apenas uma passagem – mas de feriadão. Uma derradeira fuga para a praia ou serra. Ou para a casa dos pais. E eles não são ateus – tenham certeza!

Para outros ainda, mais uma oportunidade de reunir a família em volta da mesa, curtir as crianças atrás dos ninhos, aproveitar para se desligar das cobranças patronais.

E para muitos, solidão. Estão acostumados. Assim foi no carnaval, no ano-novo, natal, aniversário, dia dos pais.

Engraçado: nunca descobri em que capítulo da Páscoa o personagem do coelho entra. Até onde sei, coelho nunca botou ovo. Deixo como mistério da infância. A gente também não precisa saber tudo nessa vida e por qualquer coisa correr na wikipedia. Ou sim?

TORRE DE BABEL

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Enfim, Páscoa em africano, árabe, búlgaro, francês, grego, irlandês e tantas outras línguas. Mas com o mesmo significado.

MOMENTO REFLEXÃO

Como será que os povos de outros países comemoram a Semana Santa?

Levam ovos de Fabergé para benção na Igreja Ortodoxa da Bulgária?

Os guerrilheiros do Sudão promovem uma trégua de Páscoa na guerrilha contra os não-muçulmanos? Os milhares de refugiados do Quênia ganham chocolate no domingo ou continuam no jejum forçado? Tem caça ao ninho ou tem caça à bomba no Irã? Pintam ovos na Grécia? Ou pintam palavras de protesto contra o governo falido? No Japão tem arroz ou tem amendoim contaminado por irradiação nuclear dentro das cestas das crianças?

Tudo muito injusto. Muito cruel. 

É a minha cota de chocolate amargo para refletir essa passagem do ano. 

Tem certas coisas que não dá para ignorar. 

Não consigo. E você?

Boa Páscoa, querido leitor!

*   Tela “As Lamentações de Maria Madalena no corpo de Cristo” de Arnold Böcklin, 1868, no Kunstmuseum Basel, Suíça.

** Minha crônica no jornal Opinião, de Encantado.