1 Excelentíssimo Senhor Bispo
de Alvarenga,
Por meio desta carta,
como o senhor já está ciente das línguas eclesiásticas confirmo que estive
realmente conversando com o padre Regis na paróquia Engenho de Cima, na última
terça-feira do mês, depois da missa do pãozinho.
Em primeiro lugar gostaria de deixar bem claro que, em
nenhum momento, o querido padre Murtinho
da Matriz esteve envolvido nos enredos
maldosos que circularam pela cidade a respeito do p. Regis e a compra de votos
para a Santíssima, na Festa de Maio da nossa humilde igreja.
2 Em segundo lugar,
infelizmente, não sei o que dizer a respeito das intrigas paroquianas dessa
cidade, onde com tédio passamos a maior parte das nossas vidas. No cursilho
tenho sempre repetido as palavras do Livro da Sabedoria:
“Guardai-vos da murmuração que nada aproveita, e refreai a
língua da detração: porque a palavra secreta não passará em claro e a boca que
mente mata a alma.”
É, mas parece que nada adianta com esses nossos paroquianos
corrompidos de espírito e corpo.
Excelentíssimo Senhor Bispo, amuada lhe digo que não sei
onde se encontra a Verdade. Com certeza, não com essa cursilhista que só ouve
queixas e murmúrios e nada que comprove as desgraças que nubla nosso trabalho
paroquial. O senhor me pergunta o por quê?
Humildemente respondo que a natureza
humana nunca seguiu por si o caminho da retidão. Está aí a sociedade em crise
e, desculpe, também a Igreja com seus valores morais condicionando o futuro da
humanidade.
3 Meu juízo mais brando sobre
essas reflexões é que vivemos uma era contaminada, principalmente, pela
vaidade. E entre elas, a vaidade midiatica, a vaidade de púlpito e a vaidade de
cátedra, talvez por isso tanto pecamos e tanto caímos na tentação da carne e do
bolso.
Gostei de conversar com p. Regis, uma pessoa articulada, inteligente, um
bom pregador. Assim como eu, busca a
Verdade, tentando fazer da renúncia a sua casta regeneração. Que trilhe seu
caminho de privações, amém.
Senhor Bispo conserve o discernimento quando julgar o caso
do padre Regis, como se sabe é a sabedoria o grande vapor da virtude de Deus.
Fé e luz para todos nós, que o Senhor de todos os Céus
proteja o novo Papa.
Deseja sua cursilhista,
Zulmira.
* Crônica publicada nos jornais Opinião e A Hora.
Um comentário:
Tu és demais Zulmira.
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