Tranqueira.Congestionamento. Um perigo na rodovia. E longe ainda do estádio de Cruzeiro do Sul: uns três quilômetros, se muito.
As 21h50m passamos pelos índios e sua pobreza digna, à beira do asfalto. Bizarro. De um lado, ar condicionado. Do outro, ar livre. Uma criança se aproximou para vender seu artesanato. Mais perigo. E se um torcedor enfurecido ultrapassasse pelo acostamento?
Enfim, chegamos. Do estacionamento se viu que o jogo já tinha começado. 50 pau pra assistir de cadeira, os reservas - um time C - do Internacional.
Revista na entrada. Descubro com o major comandante da 22ª BPM, Ivan Silveira Urquia, que 68 militares foram chamados para garantir a segurança desse jogo. Sim, eu sei o que vocês estão pensando... Entre eles, alunos-soldados, uns de Estrela, Taquari, Encantado, etc, etc, que estariam de folga, mas foram escalados em regime de hora extra. Seis soldados eram do POE que atuam em todos os jogos.
Estimativa de público presente? "Em torno de 8 000
pessoas, público esse heterogêneo, composto por idosos, jovens (alguns
nitidamente alcoolizados), mulheres, crianças e homens adultos, todos contidos
num mesmo local, na mesma hora, evento esse caracterizado como de alto risco. E
se houvesse uma briga generalizada, com correria e pessoas pisoteadas? Penso
sempre nisso quando faço meus planejamentos." - respondeu o Major Urquia.
Por uns instantes esqueci que minha casa foi assaltada na quarta-feira passada, às 14h30m e me concentrei no técnico e sua camisa cor-de-rosa. Dunga era o meu único conhecido dentro do campo.
Um tédio de jogo. Ainda bem que a noite estava boa. Ao meu lado tinha gente que xingava os jogadores do Inter. Mas porque eles eram colorados e o time se arrastava. Eu pensei que a gente deveria ir no Procon contra o Paulo Paixão. Disseram no radio que foi decisão dele poupar os titulares. Du-vi-do. Foi coisa da direção. Os torcedores estava p... da cara.
Por uns instantes mirei minhas lentes para a torcida: família Heineck. Lajeadense de coração mas - palpite - Inter por vocação...
Sempre, sempre tinha jogador nocauteado no gramado. Curti a charanga do Inter, porque a do Lajeadense era uma lerdeza. Só se manifestou na hora do gol, praticamente.
Flavio Campos: haja paciência...
Contei os carros oliva da Brigada: 13!! Eu aqui e minha rua abandonada - pensei. Mas o Major Urquiza disse que "quando o Grêmio jogar em Lajeado, será feito
esforço idêntico ou até maior, aliás como é feito há mais de 30
anos." Desconfio que ele é gremista.
Olha aí... Renato Worm. Depois escutei ele na Gaúcha mandando abraço para o Paulo Sant'Ana dizendo que o Lajeadense sempre ganha do Inter por aqui. Ainda citou a Radio do Vale, 820 AM. Propaganda gratuita...
Aqui, a construção do único gol da partida, aos 40 minutos do primeiro tempo, quando Jandson conseguiu meter pra dentro da goleira, numa atrapalhada dos colorados, desconfio.
O Alan , camisa 4, se perdeu e aí o Goiano chutou na area e a bola escorregou no pé do Jandson. A foto ta mal, mas juro que vi a bola entrar. E foi mais ou menos isso.
A torcida acordou e curtiu.
Mais tarde ensaiaram um olé. Nada demais.
Durante o jogo o Lajeadense ainda fez umas três boas jogadas. E só. Só durante 90 e poucos minutos, num jogo onde Reinaldo também se destacou.
Olha aí... De Barcelona!
Pode?
Mais chão, do que bola correndo.
Pálido 1 X 0.
Se todos eram reservas, no mínimo, o placar teria que ser maior.
O que será que passava na cabeça dos torcedores?
Ainda tinha o engarrafamento da volta...
Sábado, o Lajeadense joga contra o Canoas, no campo da Ulbra.
Do estadio de Cruzeiro do Sul até o trevo de entrada na cidade de Lajeado, mais 45 minutos na lenta. Precisaram abrir uma picada no meio de uma mata virgem, por onde se deu o escoamento de carro. De chorar quando vi tantas arvores derrubadas. Uma rota alternativa que ligou à estrada antiga de Santa Clara. Desafogou, mas achei tétrico.
E foi isso... A gente fica feliz pela conquista do Esportivo Lajeadense. Que cumpra-se o destino.
Cheguei em casa meia-noite e meia. Pensei na Brigada Militar e em quantos assaltos diários em Lajeado.
O Major Urquiza disse “não tem essa estatística. Em muitos casos as pessoas
registram diretamente o fato na Polícia Civil e a Brigada Militar não fica nem
sabendo.”
Disse também que essa semana eles estão trabalhando na área
estatística e fazendo um levantamento dos últimos 6 meses das ocorrências
atendidas nas imediações da universidade.
Pensei em dizer que esta semana, às 8h da manhã, um fdp
entrou na casa do vizinho, no Bairro Americano. É a terceira vez que entram. Pensei em dizer que
eu só penso em comprar um revolver. Porque eu não quero ser uma mera estatística.
Porque tenho o direito de me defender, já que a polícia não me defende.
4 comentários:
Assistindo o jogo na TV percebi que as câmeras de transmissão estão posicionadas em direção a arquibancada reservada para o time visitante. Desse forma a torcida lajeadense sequer aparece durante a transmissão do jogo!!!! Por favor, vamos corrigir isso hein...
Laura para a segurança nos jogos de futebol sempre há efetivo disponível, pois os clubes PAGAM. Fácil compreender, não?
A Prefeitura de Porto Alegre também compra tais serviços, sabias?
Laura, minha querida, tens razão!! Apenas dois comentários: quem vai sempre ao Estádio sabe que é assim!!! Será assim enquanto não houver o povoamento daquela região!! O major disse 8 mil pessoas? Estranho, o Lajeadense divulgou 3.500 pessoas no rádio...dito pelo presidente!!! Há algo podre no reino da Dinamarca!!!
Na próxima vez sai mais cedo de casa!
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