quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

MOSTARDAS: NA ROTA DAS FIGUEIRAS E FARÓIS

Ferias de uma semana. Entramos na freeway e quebramos  por Viamão.
Vale o passeio. A estrada do inferno virou estrada do céu. Toda asfaltada. Nunca vi tanta figueiras juntas. E comecei a pensar que  precisava trazer uma...
Deixamos Solidão para trás e continuamos. Em todos pátios, potreiros, campos, centenas de figueiras. Com tantas e tantas, quem se importaria se eu desencavasse uma pequena para transplantar na minha cidade onde  a pau e corda só tem duas?
Entrada de Mostardas, distante 200 km de Porto Alegre: uma figueira de cada lado da RS 101... Com certeza deverias ter um horto onde poderia comprar a minha.
 Casa de Cultura de Mostardas. Do início do século XIX. Quem nasce em Mostarda é mostardeiro? Não. É mostardense. Mostardas pertencia a São Jose do Norte. Foi colonizada pelos açorianos desde 1738. Mas só em 1773 passaria a “freguesia”. Se interessar, toda a história aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mostardas
 Quem explica tudinho é dona Luíza. Com orgulho mostrou imagens, documentos e a cópia da certidão do nascimento do filho de Giuseppe, de Nizza, Itália e  de  Ana Maria de Jesus Ribeiro (Anita), de Laguna: Domenico Menotti Garibaldi, vindo ao mundo em 16 de setembro de 1840, ali pertinho, embaixo de uma figueira, no rancho da família Costa, em São Simão, distrito de Mostardas. Virou ponto turístico: Pedra da
Anita.
 
Dona Luíza abre o expositor e mostra o acervo histórico dos colonizadores na Sala Açoriana. Tudo muito simples, mas bem organizado. Na casa, a Biblioteca Municipal Mathias Velho.

 Em frente à praça, a Igreja São Luis Rei da França, de 1773, construída em estilo barroco. Entramos.

Lindinha, teto de madeira e um altar  neo-clássico, de 1817. Dizem que é uma das cincos igrejas construída neste estilo. Ignoramos o piso e nos concentramos na arquitetura.
 O centrinho tombado pelo Patrimônio Histórico do Município desde 1989, com casinhas de arquitetura açoriana do princípio do Século XIX, e seus telhados com “eira e beira”.
A antiga Câmara municipal.
Como sempre, o estrago promovido pelos políticos. A Câmara de Vereadores nova, vulgarizando o conjunto histórico. Uma lástima.
 Parte do comercio soube preservar e não polui sua própria história.
 Dentro do mercado, junto as panelas, cordas, secos e molhados, uma barbearia. Por que não?

 Hospital. Na esquina mais uma figueira. Descubro que não há horto, portanto não há figueiras para vender.
Pelo censo de 2010, um pouco mais de 15 mil habitantes vivem em Mostardas. Não vi, mas uns 70 km antes de chegar, o Farol da Solidão, de 1929, e com 21 metros de altura. Foto da internet.
 Almoçamos no Ed Mundo's. Comidinha caseira bem gostosa. Diz seu Edmundo Luz que ta indicado na revista Quatro Rodas.
Seu Edmundo foi muito bacana e generoso: ganhei dele uma figueira. Plantadinha em um vaso. Agora tenho um butiazeiro de Santa Vitoria do Palmar e uma figueira de Mostardas!
Olha a Ceee aí... Também em uma casa açoriana preservada. Bacana, não é?
 Quem vai a Mostardas traz um dos famosos "cobertores mostardeiros", de densa lã cardada e colorida em tons de marrons. Explico que na minha cidade faz  45 graus e temos poucos dias de inverno e poucas arvores também.
Ainda se acha um calçamento antigo. Mas o asfalto também domina os cenários.
 O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é um atrativo a parte. Atualmente, administrado   pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
 
 O cenário é lindíssimo. Com uma boa trilha sonora de fundo, emociona mesmo...
Dentro da área do parque, na costa, o Farol de Mostardas. Não vi. Erramos o caminho e chegamos numa vila abandonada de pescadores, meio tétrica. Voltamos. Essas fotos são da internet para mostrar o que perdemos por não insistir. 
De Mostardas fomos a Tavares, bem pertinho, apenas 30 km de distancia.

Também açoriana, dos idos 1730. Quem nasce em Tavares é tavarense... 5.300 e poucos habitantes, se não diminuiu. Tocamos  direto até a Lagoa dos Patos.
Prainha linda, de areias brancas, poucas casas. Vale abrir a cesta de piquenique e um vinho ao entardecer.
Outro farol que não vimos... Nas margens da Lagoa dos Patos, há 11 km de Tavares,  o histórico Farol Capão da Marca, inaugurado em 1849 pelo próprio Imperador D. Pedro II. Foi o primeiro farol da então Província do Rio Grande do Sul. Região histórica essa. Tem também  o Farol Cristóvão Pereira, de 1868, apenas 25 km de Mostardas. Ai, que frustração. Mas queríamos chegar em tempo para tomar a barca em São Jose do Norte e seguir até o Hermenegildo.
 Pensava que aquela região era terra das figueiras, mas não. É a terra dos faróis. Sinto que preciso voltar um dia. Um belo texto do Santo Agostinho, no seu livro “Confissões”, ensina que os homens viajam para se maravilharem com a altura das montanhas, com  as ondas imensas do mar, os longos cursos dos rios, o vasto âmbito do oceano, o movimento circular das estrelas... Mas passam por si mesmos sem se maravilhar. Ainda bem que não perdi esse deslumbramento para com a natureza, nesse caso, aqui tão pertinho da gente.

4 comentários:

Marisa disse...

Parabéns pela postagem, mostrando belezas que não constam em roteiros turísticos badalados. E há muitos assim , pelo interior do RS. Como o Vale, que Alício vem desvendando.

Bernardo Mallmann disse...

Olá, Laura.
Em 2010 fiz este mesmo roteiro com minha família e todos ficamos maravilhados com a natureza e as pessoas da região. É um Rio Grande pouco conhecido, que parece ter parado no tempo. Minha filha se encantou com a grandeza da Lagoa dos Patos, onde não se vê a margem oposta nem de binóculo. O local me passou tanta paz que nem palavrão eu falei mais no nosso trânsito, por um longo tempo. Recomendo.

JORGE LOEFFLER .'. disse...


Laura, essa post demonstra seres uma repórter atilada. Conheço a região e andei por lá não faz três meses onde fui ver o que havia com IP de um homicídio em que o irmão de um amigo aqui da praia foi a vítima. Lá soube que o laudo do IGP, peça fundamental à conclusão da investigação fazia já cinco meses que era aguardado. E soube ainda que há laudos que levam até CINCO ANOS para chegarem às Delegacias. Esse absurdo não é veiculado pelos tradicionais meios de comunicação ficando tudo no lombo da instituição Polícia Judiciária. A estrada está sim muito boa, mas havia alguns pequenos trechos ainda com problemas quando por lá andei. Quanto a figueiras posso te afirmar que todo o nosso litoral foi abençoado com elas. Inclusive vou tomar a liberdade de remeter ao teu e-mail algumas modestas fotografias que colhi em minhas andanças aqui pela região.
Encerro dizendo ter valido a pena esperar tanto por uma nova postagem tua. Palavra de blogueiro.

Anônimo disse...

cool