photo by Martino Piccinini
Uma imagem postada nas redes sociais durante o manifesto
Defesa Pública da Alegria, que aconteceu no início deste mês na capital dos
gaúchos, junto ao largo Glenio Peres, um espaço aberto e público, impulsiona
minhas reflexões mais orgânicas para este canto do espaço kraft, palpável e
sensível.
A Alegria, assim mesmo em maiúsculo, anda em baixa.
Sufocada. Empalhada. Às ruas, em sua defesa!
Às ruas, protestar. Apitos, gritos, braços para o alto, chamar
a atenção de quem passa e de quem sobrevive sob as marquises e shoppings da
cidade, no conforto do quarto e do Facebook. Todos para a rua em defesa da
alegria. Contatos imediatos já. Abandonemos a tevê, os brinquedinhos
tecnológicos, a geladeira – tudo que obtusa e engorda.
Todos para a rua protestar pela volta da Alegria e da
segurança por dias mais livres e mais inspiradores.
Gritar, caminhar, suar e respirar em conjunto faz bem e
libera as endorfinas estranguladas pelo dia-a-dia, quando as injustiças vencem
as três virtudes teologais. Vence a simplicidade pública a que todos temos
direito como céu, sol, verde, espaço.
Então vamos às ruas defender toda a Alegria a que temos
direito e que é sonegado pelo governo e até pela família que nos empurra para o
divã cada vez mais cedo.
A Alegria esvaída pelos desatinos cruéis de pais que se
drogam, que roubam, mentem e se esbofeteiam por aí. E dos pais que sofrem com
os desatinos dos filhos que se igualam. Sim, a autoestima no calcanhar e ainda
por cima o calcanhar sangrando com a flechada de Asteropeu.
Sofremos com as traições. Sofremos com o desamor. E pensamos
que a Alegria nunca mais nos habitará. Só se o nosso umbigo é maior que o
umbigo do mundo. Pelo menos maior do que o umbigo do vizinho. Ou andamos cegos
para a Alegria mais primitiva?
Talvez por isso chama atenção a defesa da Alegria nas ruas.
Sobreviventes fragilizados ou a forra vamos para a rua
interceder por sua volta e viva a Alegria que me alimenta todo dia de casuais
prazeres como a visão dos dois sanhaços que se alimentam das cascas de mamão
jogadas propositalmente no jardim. Como o perfume delicado exalado pelo azul do
jacarandá no quintal. Como as risadas das crianças que fogem das ondas do mar.
Sim, tão frágil a Alegria por esses dias que é preciso seu
resgate urgente, sair em sua defesa, empunhar cartazes que chamem atenção de
todo mundo.
Mudemos o disco: viva a Alegria!
* Minha crônica jornais A Hora, de Lajeado e Opinião, de Encantado.
Um comentário:
Viva!
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