As palavras do título foram ouvidas pelo ator Paulo José,
por ocasião do seu quarto casamento com
a atriz Carla Camurati. Mas quem desabafou mesmo foi o diretor Domingos de
Oliveira:
“Você vai sofrer muito, mas
vai valer a pena,
porque o amor não é para a
gente ser feliz,
é para se sentir vivo”
Não ouso discordar. Amor proporciona uma impulsão criativa e
tem lá suas inerentes conexões: desejo, entusiasmo, amizade, solidariedade,
paixão – e outras potências suscetíveis e vibratórias que nos consagra
vivíssimos.
Mas conheço muita gente que fez a opção de viver sozinha. Ou
sozinho. Ou com o seu cachorro. Só que, às vezes me parece tão triste a gente
gastar nossa vidinha transitória aqui na Terra sem experimentar uma grande
emoção amorosa. Eu disse, às vezes.
Por outro lado, desperdiçar dias e semanas em uma relação
acomodada é fatal:
“O que torna as coisas
aborrecidas e chatas é a mesmice.” -
revida Paulo José.
Sim, minha santinha, a rotina mata as relações entre os
casados, os juntados, os amontoados. E entre os separados e os invertebrados
também. Porque precisa-se de um esqueleto rijo para sustentar um pouco de
aventura. O que falta para muitos
solteiros convictos é arriscar. Arriscar? Terreno perigoso. Luz de alerta na
minha cabeça.
Pensando bem, até minha avó, que não era dada a aventuras e
viveu 102 anos, sabia disso: “Quem não arrisca, não petisca”. Ahã.
Então, oxalá, uma oportunidade para que todos nós possamos
viver um grande amor ainda nessa vida.
Porque na outra, só metodologia espectral – imagino.
“Mas está difícil” – revela desanimada a comadre. “Os
melhores estão presos ao casamento. Os solteiros, uns covardes senão canalhas.
Restam os amigos gays. Eu já investi todas as minhas energias. Agora desisti.”
– e suspirou profundamente.
Revide do parceiro de vinho, solteiro por desacertos:
“As mulheres estão desinteressantes. Não tem mais mistério.
Depois de uma noite não tem mais assunto. Fora que estão se atirando muito. Mal
começam a namorar já querem mudar a gente, querem apresentar para a família.
Não se tocam.”
Cacomigo: viver um grande amor é um exercício corajoso que
requer uma disponibilidade emocional e humilde para com a rotina, que muitos
desistiram de interpretar.
Enquanto isso Paulo Jose, 75 anos, no quarto casamento com
Kika Lopes, ambos vivíssimos, continuam celebrando o amor.
Acharam a fórmula?
* Minha crônica nos
jornais A Hora, de Lajeado, Opinião, de Encantado.
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