sábado, 20 de outubro de 2012

“O AMOR É PARA A GENTE SE SENTIR VIVO.”


As palavras do título foram ouvidas pelo ator Paulo José, por ocasião do seu quarto  casamento com a atriz Carla Camurati. Mas quem desabafou mesmo foi o diretor Domingos de Oliveira:

“Você vai sofrer muito, mas vai valer a pena,
porque o amor não é para a gente ser feliz,
é para se sentir vivo”

Não ouso discordar. Amor proporciona uma impulsão criativa e tem lá suas inerentes conexões: desejo, entusiasmo, amizade, solidariedade, paixão – e outras potências suscetíveis e vibratórias que nos consagra vivíssimos.
Mas conheço muita gente que fez a opção de viver sozinha. Ou sozinho. Ou com o seu cachorro. Só que, às vezes me parece tão triste a gente gastar nossa vidinha transitória aqui na Terra sem experimentar uma grande emoção amorosa. Eu disse, às vezes.

Por outro lado, desperdiçar dias e semanas em uma relação acomodada é fatal:

“O que torna as coisas aborrecidas e chatas é a mesmice.” -  revida Paulo José.

Sim, minha santinha, a rotina mata as relações entre os casados, os juntados, os amontoados. E entre os separados e os invertebrados também. Porque precisa-se de um esqueleto rijo para sustentar um pouco de aventura. O que falta para  muitos solteiros convictos é arriscar. Arriscar? Terreno perigoso. Luz de alerta na minha cabeça.

Pensando bem, até minha avó, que não era dada a aventuras e viveu 102 anos, sabia disso: “Quem não arrisca, não petisca”. Ahã.

Então, oxalá, uma oportunidade para que todos nós possamos viver um grande amor ainda nessa vida.  Porque na outra, só metodologia espectral – imagino.

“Mas está difícil” – revela desanimada a comadre. “Os melhores estão presos ao casamento. Os solteiros, uns covardes senão canalhas. Restam os amigos gays. Eu já investi todas as minhas energias. Agora desisti.” – e suspirou profundamente.

Revide do parceiro de vinho, solteiro por desacertos:
“As mulheres estão desinteressantes. Não tem mais mistério. Depois de uma noite não tem mais assunto. Fora que estão se atirando muito. Mal começam a namorar já querem mudar a gente, querem apresentar para a família. Não se tocam.”

Cacomigo: viver um grande amor é um exercício corajoso que requer uma disponibilidade emocional e humilde para com a rotina, que muitos desistiram de interpretar.
Enquanto isso Paulo Jose, 75 anos, no quarto casamento com Kika Lopes, ambos vivíssimos, continuam celebrando o amor.
Acharam a fórmula?

* Minha crônica nos jornais A Hora, de Lajeado, Opinião, de Encantado.

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