O ano espia na esquina e não tenho mais para onde fugir.
Encurralados os últimos dias.
Mas, tirando a família, hors
concours, duas luzinhas piscam feito letreiro de néon: amigos e
livros. Os dois se completam. Os dois
disputam minha atenção. E com os dois me vejo em falta. Dedico-me aos amigos,
acabam os livros cobertos de pó na prateleira. Se me volto aos livros, quem
some na poeira são os amigos.
Sim, termina o ano e penso nos meus afetos, esses seres de carne,
osso e sentimentos tão diferentes entre si. Ainda bem. Que tédio seria se todos
gostassem das mesmas coisas e falassem sempre os mesmos assuntos.
Principalmente da vida dos outros, das viagens e do último modelito adquirido
em Nova York.
Essa crônica se inspirou na frase da escritora Nadine Gordimer:
“Tenho um amigo no Cairo que trabalha com pré-fabricação de
mesquitas.” Mesquita?!
Pois eu gostaria de escrever:
“Tenho um amigo - em Encantado ou em Estrela ou em Arroio do Meio
ou em qualquer lugar do Vale - que trabalha no circo.”
É isso! Um amigo circense! Mas não dei sorte. Os circos estão de
passagem.
Meus amigos são atores e escritores, arquitetos e engenheiros,
artistas plásticos e jornalistas, fotógrafos e fonoaudiólogos, advogados,
professores, líderes de comunidade, bancários, donas de casa, aposentados... E
é impressionante como cada um de nós percebe o mundo diferente. Às vezes tão
cretinamente diferente que me aflijo e brigo.
Tem amigos do coração que moram longe. Posso passar anos sem ver ou
ouvir, quando me ligam já largo um não
acreditooo.
Tem os amigos para festas e mundanidades – o que adoro também. De
pouca espiritualidade mas que me põe em sintonia com os seus fuxicos
particulares.
Tem aqueles com quem eu aprendo. E aprendo muito. Com estes mais me
calo, mais os deixo falar. Mais diminuta me sinto.
Escancaro as janelas da casa para receber o ano que prenuncia sem receio
de ladrões. Que 2013 oportunize novas amizades.
Que sejam pessoas “de comprometimento com o mundo”, como escreve
Nadine. E que façam a diferença na minha vida. Como um farol ou guru indiano. É
pedir muito?
E por que não alguém do circo? Esses artistas comprometidos em
suprir nossas fantasias, ilusões e risos. Alias, será fundamental gargalhar
mais no próximo ano.
Por enquanto, apenas isso.
Bem vindo 2003!
Surpreenda a todos nós!
* minha cronica jornais A Hora, Lajeado, e Opinião, de Encantado.
Um comentário:
Hummm? 2003? OK, IF YOU SAY SO !"HAPPY 2003,EVERYBODY (tao bom saber que es tao "humana" como todos nos, querida frendi.)peace.
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