quinta-feira, 16 de outubro de 2008

FILOSOFIA DO CÁLICE CHEIO:
A trilha sonora de cada um...


“Rock Roll Lullaby”, lembra? Putz, falava de uma menina grávida aos 16 anos e sha na na na na na na... Mas, quem sacava?
Era apenas B.J. Thomas cantando para as debutantes no salão do CTC.
Está registrado nas cavernas a nossa trilha sonora adolescente, entende?
É sobre isso que estive pensando: trilhas sonoras de vida.
Já relembrou a sua?

O primeiro vinil, a primeira reunião-dançante que não se dança e a primeira reunião dançante realmente dançante; o debú, o primeiro beijo, o primeiro amasso, a primeira briga, a primeira bebedeira, a primeira de uma série de dores de cotovelo... Zeus, até o vocabulário pertence aos idos espeleológicos!

A verdade é que nós curtimos uma trilha sonora embasando as experiências adolescentes e a galera de hoje não.


Não vai sofrer desse mal. Por que?

Porque sucessos não duram mais um ano. Não sobrevivem a um segundo baile de debutante. Porque hoje os dias são voláteis, os instantes descartáveis e o ficar é tão rápido que não dura uma canção inteira. Mas, sempre tem Os Mamonas.

Penso nisso enquanto escuto George Harrison no “Fim de Tarde Itapema”.

Remete a uma reunião dançante na casa de Joyce Teixeira. Fui autorizada a ir, mas proibida de dançar. Fui assim mesmo e vi que agarrar era uma coisa muito boa. Muiiiito mesmo!

Penso nisso novamente quando ouço uma coletânea pirata que me emprestaram.

E com tristeza etílica vejo a melosa “Alone Again” com o falso Gilbert O’Sullivan me empurrando para a primeira festinha de garagem na casa do Alemão Fensterseifer... Depois toca “Skyline Pigeon” de Elton John... o que dizia mesmo?

“Voe para longe, pombo, voe em direção aos sonhos que você há muito deixou para trás” . Se soubesse que era apenas isso teria poupado os infindáveis suspiros.

Cat Steven: pranto atrás das portas da boate Kyrock e os hormônios reprimidos. Por que o amor não encontrava correlação salivar?

E no níver de 15 da Tina na ACVAT?
Toda uma geração gritando Tê Tê Tê, Têtêretê Tê Tê, Têtêretê Tê Tê, Têtêretê Tê Tê... quando Jorge era apenas Jorge Ben.

E a gente ainda se esguelava no “Arrasta a Sandália” e “Fio Maravilha” revelando os demônio interiores.

“Há quem diga que eu dormi de touca...” cantarolava um tal de Sergio Sampaio. Pois é... Muita gente dormiu.

Por isso quando escutei o cd pirata da Bea, não hesitei em piratear também parte do fio condutor da minha vidinha.

Claro, isso tudo foi percebido entre um trago e uma caixa de lenços de papel na hora de “Long ago and Tomorrow”. O que a gente não sabia é que o futuro era logo ali e não teria a menor graça. Não mudaríamos o mundo, mas ele nos transformaria, cantava B J Thomas.

Tá, e quem queria saber disso naqueles dias injustos dos anos 70?


2 comentários:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Lady Laura boa tarde,
Lendo este texto que em que recordas coisas boas do passado lembro-me de nosso filho, o Guilherme, pois certa feita o levamos a Praia do Cassino onde sua namorada estava veraneando. Ele tinha seus dezesseis anos. Ela residia em Taquara, mesma cidade em que residíamos. Lá chegado ele foi surpreendido, pois ela estava em companhia de outro jovem (namorado). Foram para a beira da praia, ela e ele que de lá retornou cerca e trinta minutos depois. Tiveram uma conversa séria como ele era e tudo terminou ali. Receosos de que entrasse em depressão resolvemos dar uma chegada até o Uruguai. Alugamos uma cabana em Santa Vitória do Palmar aonde chegamos à noite. Havia um logradouro na frente onde houve um show de rock. Ele era exímio guitarrista e isto o ajudou bastante. No dia seguinte fizemos um passeio ao Forte Santa Tereza que tem uma bela história. Lá existe um museu que retrata a história militar do Uruguai. Alguns dias depois, quando retornávamos, parei na rodovia para filmar um grupo de capivaras que extremamente mansas se aproximaram do carro. Obriguei-me a espantá-las, pois pretendia gravar sua fuga. Retomamos a viagem e liguei o rádio e sintonizei uma emissora que tocava música. Seguimos nossa viagem até que, em dado momento, começou a tocar uma música do Roberto Carlos que falava “nos caracóis dos seus cabelos” e a mãe dele começou a cantarolar. Disse ele: Estás muito moderninha mãe, pois essa música é sucesso. Foi quando entrei na conversa e expliquei a ele que aquela música fora composta pelo Roberto Carlos para homenagear o Caetano que havia se asilado no exterior quando da maldita ditadura. Ele mostrou-se surpreso, quando disse a ele que o que é bom perdura, o que era o caso daquela música. Dois anos depois ele faleceu na Lagoa da Harmonia em Teutônia, no dia em que fomos conhecer a mãe de sua noiva. Sofreu um ataque cardíaco fulminante. Este fato ocorreu faz 16 anos e não o esqueci, felizmente, pois foi um passeio muito agradável.
Mais uma que lembrei agora. Lá vai.
Li igualmente sobre o primeiro amasso. E aí lembrei de fato ocorrido quando tinha 16 anos. Convidei uma criatura, já coroa para a minha idade, que sorria de forma provocativa. Convidei-a e fomos assistir a um filme no Cinema Ritz no antigo fim da linha do bonde Petrópolis. Nem prestei atenção ao filme, foi um amasso só do princípio ao fim e quando de lá saímos ela, na maior cara dura que negou aquilo.
Que noite miserável, pois doía tudo. Essa nunca vou conseguir esquecer. Eram tempos difíceis. Hoje não são os guris que partem para cima e sim as gurias. Tá uma sopa.
Já sei Lady Laura, vais dar boas gargalhas à custa de minha desgraça, mas fazer o que se abro o bico.

Anônimo disse...

Só para complementar teu texto de recordações e "revivals". A música que tocava bastante na casa da Joice,Gerson e Bico (Teixeiras), era do Creedence Clearwater Revival. Mas a forma que se dançava na época era mto engraçada, vide Laurinha, Joinha, Adão, Maneca, etc...