terça-feira, 13 de julho de 2010

ELIO GASPARI E A CONJUNÇÃO CARNAL...




... DO DELEGADO DE SC

No dia 14 de maio, uma garota de 13 anos encontrou-se com um amigo num shopping de Florianópolis e foi ao seu apartamento, onde vive com a mãe e o padrasto. Ele tem 14 anos e é filho de Sérgio Sirotsky, diretor do Grupo RBS de Comunicação em Santa Catarina. A empresa, pertencente à sua família, controla 46 emissoras de televisão e rádio e oito jornais diários no Sul do país.

O que aconteceu no apartamento do garoto, não se sabe com precisão, pois o inquérito policial e o processo correm em segredo de Justiça. Durante a investigação, quem devia preservar o sigilo permitiu que ele vazasse.

A jovem contou em seu depoimento que foi estuprada por um ou dois rapazes, ambos menores. Além do dono do apartamento, denunciou o filho de um delegado. Medicada num hospital, deu queixa à Polícia e submeteu-se a um exame de corpo de delito. Nos últimos dez dias, o caso explodiu na Internet.

A família Sirotsky publicou um comunicado informando a ocorrência do "lamentável episódio", lembrando que "confia integralmente nas autoridades policiais".

Para que se possa confiar mais nessas autoridades, o secretário de Segurança de Santa Catarina deve exonerar o delegado Nivaldo Rodrigues, diretor da Polícia Civil de Florianópolis.


Numa entrevista gravada ele disse o seguinte:

"Eu não posso dizer que houve estupro. Houve conjunção carnal. Houve o ato. Agora, se foi consentido ou não, se foi na marra, ou não, eu não posso fazer esse comentário, porque eu não estava presente".

A declaração do delegado é uma repetição da protofonia das operetas que começam investigando casos de estupro e terminam desgraçando quem os denuncia. Noutra entrevista, com o inquérito concluído, o doutor informou que "o caso investigado é de estupro", mas, ao especular (indevidamente) sobre a motivação do ocorrido, informou: "Amizade, se encontraram, resolveram fazer uma festa. Se foi na marra, não sei".

Falta o delegado definir "marra". É crime manter relações sexuais com menores. Se isso fosse pouco, segundo a denúncia, podem ter sido dois os rapazes que usufruíram a "conjunção carnal". Se o delegado não podia dizer se o ato foi "consentido ou não", devia ter ficado calado. Afirmar que não pode opinar porque "eu não estava presente" beira o deboche.

Existe uma razoável literatura sobre estupros de grupo. Em geral, ocorrem quando a vítima está alcoolizada ou drogada, o que torna despicienda a questão do consentimento. Se o doutor Nivaldo sair virgem do episódio, os catarinenses perderão um pouco de sua segurança, triunfarão as teorias conspirativas sobre a impunidade do andar de cima e prevalecerá uma racionalização do crime: não há estupros, há mulheres que não sabem se comportar.


(Exceção feita às mães dos defensores dessa doutrina, e que Santa Maria Goretti proteja suas filhas.)
Fonte: O Globo


** Acht, weltgeschichte...

3 comentários:

Anônimo disse...

Laura
Tu já viu ricos irem prá cadeia ?
Nem vai ver !

Quem quer justiça no brasil precisa ter grana de monte !

O Olho do Linceu disse...

o problema não está na grana, mas na nova Constituição que esta porcaria de democracia nos vendeu, como a solução para tudo. Na intenção de proteger os ex-guerrilheiros, bandidos, e outras atividades deste meio, engessou a justiça de tal forma que enquanto não mudar, nada de diferente vai acontecer.

Anônimo disse...

Mestre Linceu tbm está correto nas colocações acima...!
Mas com grana a "interpretação" do juiz pode ser uma ou outra..Vai depender do monte de grana envolvido no estímulo a essas "interpretações"...
Qto a democracia , essa coisa da ampla liberdade só ferrou com tudo...Afogaram a ética e embebedaram o caráter com tanta liberdade de expressão...
Talvez por ainda o ser humano não estar apto a entender o que é direito e o q é dever e que os dois estão sob essas tais democracia e liberdade tão subvertidas hj em dia...