Durante minha rápida passagem por São Paulo, durante a Bienal Internacional do Livro, fui conferir a exposição no MASP, “Caravaggio e seus seguidores”, por 15 reais, uma exposição emocionante que vale cada centavo. Difícil manter a frieza em frente aos quadros, que a gente conhece só por revistas ou internet.
Mas enquanto aguardava na fila para entrar no museu de arte, observei que muitos e muitos queriam ver Caravaggio: japas, americanos, italianos. Dezenas de turistas e também um grupinho de góticos falsificados, uma designer cinza dos cabelos aos pés, as duas senhoras paulistanas de 80 anos monocromaticamente vestidas de rosa.
Sim, todos querem ver Caravaggio: os executivos desempregados, de terno preto já gasto e pastinha barata na mão. As aposentadas vestindo twin-set de caschmere e o casal gay de bermuda e corrente no pescoço.
Todos ansiosos por Caravaggio: alunos uniformizados da Escola Estadual São Carlos, mulheres de saias longas e botas de salto, a mãe e a filha de ray ban idênticos, duas jovens de saias curtíssimas e saltos altíssimos e mais uma excursão de espalhafatosos nordestinos de correntão no pescoço.
Todos na expectativa por Caravaggio: os gaúchos, os cariocas, o casal de Belém e a socialite de renda e scapin dourado de qualquer cidade deste país.
Todos precisam ver Caravaggio: uma africana de Moçambique, uma mulata de Ipanema, uma família de Adidas.
Todos esperam por Caravaggio: duas freirinhas animadas, uma jovem tatuada sozinha mas acoplada ao fone de ouvido, um esnobe casal stylist e uma modelo ruiva de roubar a cena na avenida Paulista.
Todos querem contemplar Caravaggio naquela sexta-feira de agosto, em São Paulo, capital de nacionalidades e modismos do Brasil: carecas e cabeludos, gordos e magros, negros, brancos e amarelos. Velhos e novos. Ricos e remediados - todos pagam, entram em fila para ver as sete obras de Michelangelo Merisi, nascido em Caravaggio.
E lá me fui eu também e agora com uma crônica no bolso.
Imperdível: até 30 de setembro.
P.S. Dia 5, 4ªf, entre 9h e meio-dia, estarei na Feira do Livro de Arroio do Meio, lançando meu livro “Intrigas da Colônia”. Vou esperar por você!
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