"Estávamos, um amigo e eu, almoçando na santa paz de um restaurante de comida a quilo.
Foi daí que se ouviu uma musiquinha daquelas infames e, com um alô que mais parecia um trovão, o cliente da mesa ao lado atendeu o celular.
Não demorou para que o restaurante inteiro participasse da conversa do cavalheiro, que esbravejava e xingava seu interlocutor por causa duma cafeteira elétrica. Como a coisa tomou proporções de vexame, o amigo que almoçava comigo resumiu:
— Baita churrascão na laje. (...)
(ilustrativo)
... estou iniciando um movimento para banir a ideia de que o silêncio é chato e que as pessoas têm que se esganiçar para ser felizes.
Gostaria também que a gente não tivesse obrigação de ser alegre todo o tempo, essa espécie de histeria coletiva a que a gente aderiu e para a qual empurramos nossas crianças de forma quase irresponsável.
As grandes invenções, as grandes descobertas, os grandes arranjos culinários, as grandes sacadas, as grandes músicas, os grandes livros, as grandes interpretações, tudo o que representa o melhor do espírito humano foi e é presidido pelo silêncio.
Por outro lado, o mundo seria mais agradável se a gente pudesse entender que amigo é aquele sujeito que consegue ficar em silêncio na companhia da gente — e que, junto com a gente, resiste a atender o celular.”
Pg 1, ZH de hoje.
Um comentário:
Sutileza demasiada acredito que para dizer aquilo que defino como “ser chinelão”. Assim expresso leitores limitados como eu captam logo o recado. O mais grave é que os que sofrem de tal mal são insensíveis à percepção. Orra (como diz a editora desse excelente blog) quadrúpedes aos quais ainda faltam por certo as ferraduras.
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