sexta-feira, 19 de outubro de 2012

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO...

 Lajeado recepcionando a ditadura
Clique sobre as fotos para ampliar.


* “Estava olhando o blog e vi as fotos do tempo que meu pai foi prefeito. O que me chama a atenção é o fato de mencionar "DITADURA". 


Meu pai foi " ELEITO" pelo voto popular, um ano antes da ditadura se estabelecer no país. Pelo menos no governo em que Dalton Stumpf , seu governo foi transparente ele um homem humilde, que nunca mudou seu hábitos simples de viver por ser o prefeito da cidade, essa que lhe acolheu e que ele sempre defendeu.

Acho que não devias dar ênfase a esta palavra, meu pai nunca foi um ditador. Foi um visionário. Por isto te peço, não coloque a imagem do meu pai quando escrever essa palavra.


Curiosidade:
Quando veio para a região antes de se formar, foi delegado de policia em Estrela e depois fixou residência em Lajeado, sendo o primeiro Doutor Advogado formado do Alto Taquari.

Estudou na Universidade de Porto Alegre, hoje UFRGS, no ano de 1939, e só ia nas aulas nos dias de provas porque tinha que trabalhar.  Tirou nota máxima, 100, em frente a banca que o sabatinou e com isto recebeu o titulo de Doutor, sendo ele filho mais novo de um alfaiate de Caçapava do Sul, de origem humilde e que conseguiu com algum cliente do seu pai, uma bolsa para estudar no Colégio Rosário, na capital, onde só tinha filho de fazendeiro que não queriam nada com nada. Assim ele dava aula particular e quando fez 18 anos, terminando o colégio, ele pode comprar o seu primeiro par de SAPATOS, pois seu pai nunca pode lhe dar um.

Quando ele me contou sua estória, mais orgulhosa fiquei em ser filha desse homem maravilhoso.
Moema Stumpf

Em atenção a Moema e aos leitores:

Em nenhum momento sequer  associei implicações do prefeito Dalton Stumpf com os desmandos da ditadura. Das minhas leituras, sei que traz no seu currículo uma visão desenvolvimentista para Lajeado que orgulha a todos que acompanharam seu trabalho.


Mas a história brasileira conta a Ditadura Militar como sendo o período da política em que os militares governaram o Brasil, de 1964 a 1985. E na época, como todos sabem, sem democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política, repressão ao Grupo dos 11 e a todos que eram contra o regime militar.

No Rio Grande do Sul, o engenheiro Ildo Meneghetti governou o Rio Grande do Sul até setembro de 1966. Antes dele, Brizola. Depois, Walter Peracchi Barcelos.

De 9 de maio de 1964 a 8 de abril de 1983 – a Arena esteve na prefeitura de Porto Alegre. Continuou até 1º de janeiro de 1986, quando mudou a sigla para PDS, com João  Dib.
 Essa hegemonia não deve ter sido muito diferente no interior do estado, onde cidades pequenas como Lajeado, talvez, pouco se falava desses anos tensos -  tempos de apatia ou alienação? -  principalmente na década de 60, conforme entrevistas que realizei com pessoas que viveram o período.

As fotos de 1966 hoje no blog registram a rua Julio de Castilhos, com escolares e povo nas calçadas, carreata atrás das autoridades à pé, Walter Peracchi Barcelos, militares, os  líderes de Lajeado recepcionando os líderes do governo gaúcho, num tempo em que o presidente do Brasil foi o general Castello Branco. Em 1967, assumiria o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional.

Em Lajeado, 26 de janeiro de 1966, o “Jubileu de diamante”, conforme carimbo da antiga Foto Arte nas imagens.

Para a escritora argentina, Beatriz Sarlo, “... essa atitude de deferência, de respeito congelado diante alguns episódios do passado, pode tornar menos compreensível, na esfera pública, a pesquisa que se alimenta de novas perguntas e hipóteses.”


10 comentários:

Marisa disse...

Moema, teu pai representou as qualidades que todo o humano deveria ter em seu ser: bondade, transparência, integridade, cordialidade, modéstia. Advogado de meu pai, cresci ouvindo- o dizer orgulhoso : sou amigo do dr. Stumpf. Ele não faz diferença entre pobre e rico, preto ou branco. E toda a família, mulher e filhos,tiveram e têm, os traços de caráter que diferenciam uma pessoa.

Anônimo disse...

Não entendi o melindre.
Afinal, foi recepção à ditadura e ponto (ai de quem ousasse não receber o sr. general de plantão e seu séquito). Isso em nada mancha a biografia do ex-prefeito em questão.

Lucas Fontoura disse...

Receber a Ditadura com pompa e circunstância não confirma, em vida pública, o caráter privado do comportamento apontado pela comentarista acima.

Anônimo disse...

Outra boa do Ferreira Gullar dizia +/- assim: "quando ser de esquerda dava cadeia, não aparecia ninguém; hoje, quando dá até prêmio, tá cheio...".
Autoria incerta: "a esquerda de quem vai é a direita de quem vem...".

Marisa disse...

No rastro de citações: ' A verdade é um ponto-de- vista', disse Nietzche. Logo, teremos tantas verdades quanto os pontos-de- vista. Numa divagação filosófico-domingueira, aproveitando o contexto: a colocação de Nietzche leva a silogismos simples. Se aprofundado, haverá verdade além dos pontos-de-vista? É possível chegar à síntese? Até Nietzche desistiu de explicar. Essas questões me angustiam, quando as transponho para o cotidiano. Bom, em todo caso, como o dia vai se alongar, pelo horário de verão, continuarei as elocubrações. Calma, amigos, as farei mentalmente. O retângulo para comentários terminou.

Anônimo disse...

A ficção não inventa o que não existe, uma boa de Nelida Piñon.

Anônimo disse...

O que interessa é que nesta época a população vivia com segurança. Os professores foram valorizados e as universidades avançaram para o interior com os campus avançados. A Fates de antes é uma delas e virou depois Univates. No INSS o atendimento era exemplar. Criou-se o FGTS e o BNH, enfim pergunto: o que criou de interessante esta democracia que nem consegue manter a pavimentação das estradas dos dos milicos. Finalizando a entrevista do Jô Soares ao Fantátisco, semanas atrás, desmente a falsa falta de liberdade daquela época ao afirmar que hoje existe menos liberdade de expressão. Portanto vamos parar de querer reescrever a história e vamos ser mais justos.

Anônimo disse...

No rastro das citações:
'Maldição eterna para quem ousar recordar-se das nossas dissensões passadas!' de Luis Alves de Lima e Silva, o marechal e duque de Caxias.
O Professor

Lucas Fontoura disse...

um governo que mata quem pensa diferente jamais será um bom governo. parte-se do princípio de que bem estar começa com não assassinato do governo aos seus cidadãos. o resto, com o tempo vamos arrumando. repressão e totalitarismo não leva a nada.

Anônimo disse...

então seu Lucas, fique com o holocauto silencioso que a tua democracia colocou em nosso país. Prefiro guerrilheiros mortos do que gente inocente levando sopa na veia. ou recém nascidos sem incubadoras. velhos sem atendimento digno e com sua aposentadoria miseravelmente comida pela lei votada e comprada pelo mensalão.