Lajeado recepcionando a ditadura
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* “Estava olhando o blog e vi as fotos do tempo
que meu pai foi prefeito. O que me chama a atenção é o fato de mencionar
"DITADURA".
Meu pai foi " ELEITO" pelo voto
popular, um ano antes da ditadura se estabelecer no país. Pelo menos no governo
em que Dalton Stumpf , seu governo foi transparente ele um homem humilde, que nunca
mudou seu hábitos simples de viver por ser o prefeito da cidade, essa que lhe
acolheu e que ele sempre defendeu.
Acho que não devias dar ênfase a esta palavra, meu
pai nunca foi um ditador. Foi um visionário. Por isto te peço, não coloque a imagem do meu pai quando escrever essa
palavra.
Curiosidade:
Quando veio para a região antes de se formar,
foi delegado de policia em Estrela e depois fixou residência em Lajeado, sendo
o primeiro Doutor Advogado formado do Alto Taquari.
Estudou na Universidade de Porto Alegre, hoje
UFRGS, no ano de 1939, e só ia nas aulas nos dias de provas porque tinha que
trabalhar. Tirou nota máxima, 100, em
frente a banca que o sabatinou e com isto recebeu o titulo de Doutor, sendo ele
filho mais novo de um alfaiate de Caçapava do Sul, de origem humilde e que
conseguiu com algum cliente do seu pai, uma bolsa para estudar no Colégio
Rosário, na capital, onde só tinha filho de fazendeiro que não queriam nada com
nada. Assim ele dava aula particular e quando fez 18 anos, terminando o colégio,
ele pode comprar o seu primeiro par de SAPATOS, pois seu pai nunca pode lhe dar
um.
Quando ele me contou sua estória, mais
orgulhosa fiquei em ser filha desse homem maravilhoso.”
Moema Stumpf
Em atenção a Moema e aos leitores:
Em nenhum momento sequer associei implicações do prefeito Dalton Stumpf com os desmandos da ditadura.
Das minhas leituras, sei que traz no seu currículo uma visão desenvolvimentista
para Lajeado que orgulha a todos que acompanharam seu trabalho.
Mas a história brasileira conta a Ditadura Militar como sendo
o período da política em que os militares governaram o Brasil, de
1964 a 1985. E na época, como todos sabem, sem democracia, supressão de
direitos constitucionais, censura, perseguição política, repressão ao Grupo dos
11 e a todos que eram contra o regime militar.
No Rio Grande do Sul, o engenheiro Ildo Meneghetti governou o Rio Grande do Sul até setembro de 1966.
Antes dele, Brizola. Depois, Walter Peracchi Barcelos.
De 9 de maio de 1964 a 8 de abril de 1983 – a Arena esteve
na prefeitura de Porto Alegre. Continuou até 1º de janeiro de 1986, quando mudou
a sigla para PDS, com João Dib.
Essa hegemonia não deve ter sido muito diferente no interior
do estado, onde cidades pequenas como Lajeado, talvez, pouco se falava desses
anos tensos - tempos de apatia ou
alienação? - principalmente na década de
60, conforme entrevistas que realizei com pessoas que viveram o período.
As fotos de 1966 hoje no blog registram a rua Julio de
Castilhos, com escolares e povo nas calçadas, carreata atrás das autoridades à
pé, Walter Peracchi Barcelos, militares,
os líderes de Lajeado recepcionando os líderes
do governo gaúcho, num tempo em que o presidente do Brasil foi o general Castello
Branco. Em 1967, assumiria o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito
indiretamente pelo Congresso Nacional.
Em Lajeado, 26 de janeiro de 1966, o “Jubileu de diamante”,
conforme carimbo da antiga Foto Arte nas imagens.
Para a escritora argentina, Beatriz Sarlo, “... essa atitude de
deferência, de respeito congelado diante alguns episódios do passado, pode
tornar menos compreensível, na esfera pública, a pesquisa que se alimenta de
novas perguntas e hipóteses.”
10 comentários:
Moema, teu pai representou as qualidades que todo o humano deveria ter em seu ser: bondade, transparência, integridade, cordialidade, modéstia. Advogado de meu pai, cresci ouvindo- o dizer orgulhoso : sou amigo do dr. Stumpf. Ele não faz diferença entre pobre e rico, preto ou branco. E toda a família, mulher e filhos,tiveram e têm, os traços de caráter que diferenciam uma pessoa.
Não entendi o melindre.
Afinal, foi recepção à ditadura e ponto (ai de quem ousasse não receber o sr. general de plantão e seu séquito). Isso em nada mancha a biografia do ex-prefeito em questão.
Receber a Ditadura com pompa e circunstância não confirma, em vida pública, o caráter privado do comportamento apontado pela comentarista acima.
Outra boa do Ferreira Gullar dizia +/- assim: "quando ser de esquerda dava cadeia, não aparecia ninguém; hoje, quando dá até prêmio, tá cheio...".
Autoria incerta: "a esquerda de quem vai é a direita de quem vem...".
No rastro de citações: ' A verdade é um ponto-de- vista', disse Nietzche. Logo, teremos tantas verdades quanto os pontos-de- vista. Numa divagação filosófico-domingueira, aproveitando o contexto: a colocação de Nietzche leva a silogismos simples. Se aprofundado, haverá verdade além dos pontos-de-vista? É possível chegar à síntese? Até Nietzche desistiu de explicar. Essas questões me angustiam, quando as transponho para o cotidiano. Bom, em todo caso, como o dia vai se alongar, pelo horário de verão, continuarei as elocubrações. Calma, amigos, as farei mentalmente. O retângulo para comentários terminou.
A ficção não inventa o que não existe, uma boa de Nelida Piñon.
O que interessa é que nesta época a população vivia com segurança. Os professores foram valorizados e as universidades avançaram para o interior com os campus avançados. A Fates de antes é uma delas e virou depois Univates. No INSS o atendimento era exemplar. Criou-se o FGTS e o BNH, enfim pergunto: o que criou de interessante esta democracia que nem consegue manter a pavimentação das estradas dos dos milicos. Finalizando a entrevista do Jô Soares ao Fantátisco, semanas atrás, desmente a falsa falta de liberdade daquela época ao afirmar que hoje existe menos liberdade de expressão. Portanto vamos parar de querer reescrever a história e vamos ser mais justos.
No rastro das citações:
'Maldição eterna para quem ousar recordar-se das nossas dissensões passadas!' de Luis Alves de Lima e Silva, o marechal e duque de Caxias.
O Professor
um governo que mata quem pensa diferente jamais será um bom governo. parte-se do princípio de que bem estar começa com não assassinato do governo aos seus cidadãos. o resto, com o tempo vamos arrumando. repressão e totalitarismo não leva a nada.
então seu Lucas, fique com o holocauto silencioso que a tua democracia colocou em nosso país. Prefiro guerrilheiros mortos do que gente inocente levando sopa na veia. ou recém nascidos sem incubadoras. velhos sem atendimento digno e com sua aposentadoria miseravelmente comida pela lei votada e comprada pelo mensalão.
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