O
escritor Fabrício Carpinejar escreveu ontem na Zero Hora uma das suas crônicas mais
bonitas. E das mais humildes e humanas. Repercutiu nas mídias sociais e fez
muita gente repensar suas relações familiares.
“Eu
convivia com meus primos até o Natal de 80.
O pai
brigou com seus irmãos e deixamos de visitar a casa dos avós e de participar
das festas da virada com toda a família.
Foi um
desaparecimento sem explicação. Sempre brincava com meus oito primos, paramos
de nos ver de repente por imposição e diferenças dos adultos.
Nem
desconfio qual o motivo do desentendimento entre os tios e as tias. Sei que
sobrou para as crianças, que cresceram separadas e longe do casario amarelo da
Corte Real.
Herdamos
o desterro. Não tenho nem ideia de como meus cúmplices de sangue e peraltice se
encontram e como enfrentaram a maturidade.
Quanta
diversão desperdiçada! Quanta algazarra sufocada no pulmão! Quantas vidraças
intactas porque não jogamos mais bola na rua!
Perdi
meus melhores momentos de férias, que eram roubar pingente do lustre da sala,
deslizar de meias, espiar revistas com mulheres seminuas, beber cerveja
escondido.
Sumimos
da vista e da vizinhança, apartados do contato.
Não quero
repetir a tragédia. Mas estou fazendo igual ao meu pai.
Briguei
com dois irmãos, Carla e Rodrigo.”
Leia na íntegra: http://carpinejar.blogspot.com.br/
2 comentários:
Será que a família reuniu-se para festejar o Prêmio Açorianos de poesia, vencido por Maria Carpi, mãe do cronista? Aliás, ele adotou o sobrenome Carpinejar para homenagear a mãe, e o pai, Carlos Nejar, imortal da ABL. É genético o dom literário.
Que lindo!
Imagino a mãe dele lendo. E chorando.
Lembro de tantas histórias parecidas.
E sim, quem não facilita, automaticamente dificulta.
Que lindo.
Tomara que ele poste uma foto do Natal - finalmente - em família.
Juro que queria ver o Carpinejar brigar, devem brotar metáforas!
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