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De um tempo para cá, as comemorações, mesmo as domésticas e outrora íntimas, tornaram-se espetáculos de mau gosto. Veja-se, por exemplo, o casamento, que, de uma instituição religiosa, legal ou moral, acaba sendo motivo de manifestações da mais deslavada ostentação: em geral ao ar livre para invocar os “elementais da natureza”(, seja isso o que for); em geral com um amigo servindo de oficiante “ad hoc”, gaguejando aforismos de Buda ou de Paulo Coelho; em geral com dezenas de padrinhos, para amealhar presentes; em geral apresentando, no que toca ao figurino dos convidados, uma verdadeira catástrofe.
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No que se refere às leituras que andam por aí, o quadro é assustador.
A lista dos best-sellers é vergonhosa.
Salvo as clássicas exceções, avultam os livros de interesse prático ou que apresentem soluções milagrosas para a gestão de empresas ou para amestrar papagaios. Mas se falarem sobre cachorros sentimentais, melhor ainda.
A vulgaridade, em si, não é um mal - cada qual tem a biblioteca que merece - mas é sintoma da incapacidade de abstração e de reflexão. O lazer, que poderia representar um tempo dedicado a pensar na vida, é logo preenchido por intoxicantes entregas às compras ou ao entretenimento mais discutível. “ (...)
Luiz Antonio de Assis Brasil
ZH 23/11/2009
2 comentários:
dorzinha de cotovelo.
o que ele falou tem um fundo de verdade em tudo, mas também senti uma leve dor de cotovelo! a vida é banal! o que você está fazendo agora, é banal! a vulgaridade depende de quem vê e se é best-seller é por que muita gente lê (rimazinha vulgar pra completar)
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