“A pior pergunta que se pode fazer para alguém é: lembra de mim? Se a pergunta precisa ser feita, está na cara que não se trata de alguém íntimo. E se você não é íntimo, a educação pede que, cordialmente, você se apresente. Oi, sou Fulana de Tal, trabalhei contigo em tal lugar, lembra? Agora sim.
(...)
Humildemente, imploro a todos os ex-vizinhos, ex-colegas de propaganda, ex-parceiros de academia, ex-transeuntes do mesmo parque, ex-frequentadores do mesmo salão de beleza, ex-parentes chegados, ex-parceiros de elevador e até ao meu ex-marido engraçadinho: identifiquem-se.
Não é humilhante, basta um “Sou o Fulano que foi casado contigo por 17 anos, lembra?”. Humilhação passo eu a cada dia que saio de casa. Piedade.”
Martha Medeiros in “Traída pela Memória”, Caderno Donna, ZH
3 comentários:
Eu me vejo em situações como essa, por ser professor muitos nomes e pessoas passam por nós durante a vida.
No começo me sentia mal, acabava passando por esnobe ou algo do tipo por não comprimentar alguém. Inclusive as pessoas ficam bravas, mas a real é que não lembro. Por muito tempo isso me assustava.
Hoje me dei o direito a esquecer e viver tranquilo. Caso alguém me acione com a famigerada pergunta a minha resposta é simples. Num cálculo rápido eu tenho por ano 300 novos alunos, mais todos os anteriores. Não lembrarei nem o nome de todos, o que dirá dos rostos.
é. também podemos esquecer que os outros esquecem. esquecer por esquecer dá no mesmo.
só que não acho nenhuma das situações humilhantes. sentir-se humilhado por tão pouco é baixa autoestima.
anda se esquecendo de tudo. até da censura sofrida a tempos atrás. até do poder de policia concedido ao exercito esquece-se facil e depois se repete a mesma cagada.
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