sábado, 7 de julho de 2012

VISÃO CRONICA

 A gente sabe desde os tempos de quadro-negro, mas nunca é demais revisar.
Ainda mais quando a convite voltamos a sala de aula para assuntar com alunos sobre o tema - é quando a gente volta a estudar também.

Crônica, vem do grego: chrónos. Cronicar: relatar o tempo. Ou os tempos.
É um gênero literário? É sim.
Até o querido Machado de Assis acreditava que a crônica “útil e fútil”, quando esmiúça alguns fatos para os leitores, despertando quiçá (em homenagem a Machado) um futuro interesse pela literatura, digamos, maior. Torcemos que sim.

 Fui com tudo decoradinho na ponta da língua para  explicar aos alunos da Escola Municipal Edgar da Rosa Cardoso, em Fazenda Vila Nova. Mas eles já sabiam, claro.
Aí me salvaram os críticos literários que asseguram: o auge da crônica no Brasil foram os anos 50/60, com Rubem Braga, Ivan Lessa, Nelson Rodrigues e outros escritores-jornalistas. A crônica é tão importante que até hoje as editoras reeditam. Vide Luis Fernando Veríssimo e João Ubaldo Ribeiro, que não me deixam mentir.
Pois é, mas como o jornal é diário, depois que todo mundo lê vai para o fogo, no inverno. No verão, enrola peixe, já enrolava pão, a crônica tem vida curta, embora as melhores grudem na memória dos leitores, que às vezes até recortam e guardam quando se identificam na saudade ou na opinião.
A crônica registra os dias na cidade, os personagens passados, um filme bom, uma surpresa na recepção do consultório, um bate-papo no bar, os achismos particulares dos umbigos dos cronistas.

Crônica boa é curta, mordaz ou crítica, e quer mesmo é entreter o leitor desconhecido. Assim, muito levemente, a crônica vai apresentando a visão pessoal do escritor sobre assuntos tão diversos como maternidade, falcatruas políticas ou arte contemporânea. Sim, porque para quase tudo o cronista tem palpite. Ou seja, um palpiteiro é o que ele é.
Alguém disse que a crônica era a prima pobre do conto. Também já é injustiça. No seu DNA consta que o pai da crônica é a imprensa e a mãe é a revista. Sim, a crônica segue junto, cavando espaço entre a literatura e o jornalismo, com certeza. 

Pode inventar entrevista, um personagem, uma falta de assunto nebuloso, onde nada se concluí, deixando tudo por conta dos três pontinhos, de questionamentos, um parêntese em aberto, das insinuações e o leitor que se vire.  
E não é?

* Minha crônica desse findi nos jornais A Hora do Vale, Lajeado e Opinião, de Encantado.

Um comentário:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Laura és magnífica.
Sei quão gostoso é comprtilhar conhecimento com estudantes ainda bem jovens. Já vivi tal experiencia em algumas oportunidades.
Bota bão nisso, né?