Não vai dar tempo, não vai dar tempo, não vai dar tempo...
Uma lista de presentes me aguarda e já é dia 23 de dezembro,
já é dia 24 e não vai dar tempo, daqui algumas horas já é Natal,
a família reunida, a comilança, o amigo-secreto e as risadinhas amarelas,
os abraços sinceros, as lagrimas disfarçadas, a ausência dos nossos queridos
e outras tantas emoções incontidas, mas quem trouxe esse papai noel cheirando a cachaça, d’usducéu?!
Para o meu tio “O homem que venceu Auschwitz” e o desejo de eterna paciência.
Mas e a tia?
Cadê a tia?
Esqueceram da tia?
Não vai dar tempo, não vai dar tempo, não vai dar tempo: alguém tira essa louca daqui.
Para minha irmã: “As palavras e as coisas” do Foucault.
Quem me deu esse livro? Mas eu odeio ler! Porque sempre me dão livro de Natal?
Obrigada, dinda, eu não brinco mais de Barbie.
Eu queria uma Monster High. Eu queria a Clawdeen Wolf.
Cadê o peru?
Porque não tem peru esse ano?
O peru secou. O lombinho secou. E os fios de ovos sumiram.
Não vai dar tempo, não vai dar tempo, não vai dar tempo...
Para minha sobrinha: “Férias na Antártica” das filhas do Amir Klinck.
Eles estão se separando.
Eles já se separaram.
Eles nunca vão se separar e quem inventa agüenta e daqui algumas horas já é Natal.
Porque você se repete?
Você se repete porque não tem memória?
Meia! De novo meia? Todo ano ela me dá uma meia – cochicham ao pé do pinheirinho mal iluminado.
Para minha amiga querida “Clarice na Cabeceira”.
Alguém serviu o vovô? Tirem o copo da mão dele e bota o prato. Agora. Eu disse a-go-ra.
Não vai dar tempo, não vai dar tempo, não vai dar tempo...
E esse cheiro de queimado?
Quem foi que disse que o destino dos seres humanos é feito de momentos felizes e não de épocas felizes? – pergunta Frau Lenz ao telefone justamente na hora do brinde.
Mas eu avisei que ia vomitar... Nãooooo... ai, o tapete!
Não vai dar tempo, não vai dar tempo, não vai dar tempo...
Feliz Natal, queridos!
Ufa... Agora foi!
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