sexta-feira, 18 de novembro de 2011

BATALHA POR LACAN

Cultura goela abaixo... e para quem se interessa...

Elisabeth Roudinesco, 67,  é a mais famosa historiadora da psicanálise na França. Antes dela, Jacques Lacan, o cara do “ato falho”, o cara que reintroduziu a filosofia alemã na doutrina psicanalítica, o cara alinhado com os pensadores pessimistas. Para Lacan a consciência é a linguagem. E se quiser saber mais, pesquise. Morreu em 1981.

Acontece que Roudinesco publicou  um livro sobre Lacan e por isso está sendo  processada pela filha dele, Judith Miller. 
E esse é o buchincho  que ta rolando em Paris, causando o maior frisson entre os intelectuais.  O “crime” cometido por Roudinesco aparece no final do seu ensaio  “Lacan, a despeito de tudo e de todos”.
"Embora ele [Lacan] teria a esperança de terminar seus dias na Itália, em Roma ou Veneza e teve o desejado funeral católico, acabou  enterrado, sem cerimônia e na privacidade do cemitério Guitrancourt. " E essa é a “difamação”.  

O livro de Roudinesco faz um balanço das contribuições de  Lacan na sua área de atuação. 

“Também tem um grande interesse em pintar um retrato do homem privado, com suas qualidades, suas contradições, por meio chato (seu excesso, seus caprichos ou sua tirania, seu hábito de neologismo, jogos de palavras, o discurso hermético, comportamentos, por vezes desagradável, a sua tendência para não fazer sempre os livros preciosos que haviam sido emprestados, etc)...” 

Na verdade, o que incomodou os herdeiros foi a questão de religiosidade católica, pode?

Nesta última quarta-feira, 16, a sala do Tribunal Distrital 17 de Paris estava lotada.  Três horas de histrionismo ácido entre os advogados de Judith Miller e de Elisabeth Roudinesco, para interesse  de uma platéia super atenta.

Sentença só dia  de 11 de janeiro. Até lá, muita terapia e  prozac para acalmar  os grandes nomes da psicanálise francesa.


O que achei interessante nisso tudo foi descobrir que Lacan promovia sessões curtas de atendimento psicanalítico. Sempre pensei que uma sessão durasse 45 a 50 minutos.

Mas Elisabeth Roudinesco enfatiza que Lacan não fazia isso o tempo todo:
“... apenas no final de sua vida. Lacan também não teorizou a ideia de que era preciso fazer sessões muito curtas, de 5 a 10 minutos. Para mim, esse é o funcionamento de uma seita: frustra (o paciente), é uma manipulação. As sessões devem demorar, no mínimo, 30 minutos.”

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