sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SUPLÍCIO DOS PODEROSOS

Tântalo, filho de Zeus e rei da Frigia...
Algumas falhas de concordância sobre o ser mitológico, mas tudo indica que Tântalo era um baita festeiro, com acesso a todos banquetes dos seus camaradas deuses e parceiros de orgia.  Só que o mané acabou traindo a confiança de seus amigos quando roubou o néctar e um potão de ambrosia, que sabemos nós, sobremesa considerada exclusiva das divindades.

Para redimir-se da sua gula e sacanagem perante todos, Tântalo sacrificou nada mais, nada menos do que o próprio filho Pelóps e, acreditem, serviu suas entranhas  aos deuses durante um festim onde se regalaram comendo tudinho. 
Quando os deuses descobriram ficaram tão enfurecidos e desatinados que puniram Tântalo com uma prisão bem no meio de um lago existente nas profundezas do  Hades.  Ahã, todo seu  corpo ficou submerso e só a cabeça de fora. 

Daquele local Tântalo podia ver uma árvore carregada de  frutos saborosos. Manga? Pêra? Não sei, só sei que ele não conseguia comer nenhuma. Faminto, lutava para erguer os braços e apanhar uma fruta, mas os galhos se desviavam e se distanciavam. Nem saciar a sede Tântalo conseguia. Quando mergulhava a cabeça para beber, para seu desespero, as águas do lago sumiam.  Sim, Tântalo se ferrou.

Descobri que hoje alguns analistas transacionais tomam a simbologia do suplício de Tântalo para representar aqueles indivíduos que jamais conseguem terminar algo que iniciaram: um quadro, um mestrado, um casamento.
Para a doutrina espírita, o nosso planeta gira, o mundo se movimenta, mas um espírito, como Tântalo, nunca consegue abraçá-lo.
Na ciência, o nome do deus castigado no lago acabou apadrinhando um dos mais raros minerais encontrados na Terra, usado largamente na indústria por ser resistente à corrosão: “Ta” como se pode estudar na tabela periódica.

Agora, cá entre nós:
Tântalo não lhe parece a imagem do homem moderno?
Vítima de sua falta de escrúpulos  torna-se um indivíduo imobilizado, sem perspectivas e sem esperança de se livrar das suas condições atuais, perde sua paz de espírito e por conseqüência, a liberdade. 
E os poderosos?
O Poder também corrói e no fim, por crer numa ideologia  arrogante, torna-se um suplício abandonar o “céu”. Claro, viver no mundo real é um inferno. Um inferno anônimo. 

Penso nisso quando observo as criaturas políticas que não suportam abandonar seus cargos. Feito Tântalo no pântano querem continuar no festim,  na orgia governamental e jamais conseguem terminar o que conhecem tão bem: as falcatruas do governo.

* Minha crônica nos jornais A Hora, de Lajeado e Opinião, de Encantado.

Um comentário:

Falando de Rock disse...

Show de texto, Laura! Parabéns!