sábado, 7 de fevereiro de 2009

CRÔNICA DO ROBERTO

Fins dos anos 60.

Havia comprado no exterior uma novidade que não tinha no Brasil.
Era um microfone sem-fio, e um potente RÁDIO ZEPHYR MARINE, já com ondas em FM. Buscava a freqüência no DIAL, e a voz, como que por mágica, passava do microfone para o alto-falante do rádio.
Era tão sensacional, que logo rolou uma sacanagem.


Na época o muro do Cemitério Evangélico, no centro de Lajeado, era apenas uma cerca viva.
Começava na Churrascaria do Laçador e ia até a esquina, ali onde fica a noite o “Morte Lenta".


Colocávamos o RÁDIO entre os arbustos desta cerca viva e ficávamos escondidos do outro lado da rua, numa plantação de milho e cana onde hoje estão as lojas, Marga, Bety’s, Clip, Vale.com, Ebella.

Ali, protegidos pela trincheira que o barranco oferecia, emitíamos sons aterradores, assustando quem passava. Às vezes frases do tipo: " Me tirem daqui..." ou "Me ajudem..."

Era gente correndo desesperada para todos os lados.

Uma diversão, noite após noite, até que numa delas, em plena atividade, fomos surpreendidos com a chegada de uma dupla de "PEDRO e PAULO".

Um deles era o temível BARRETO. De cassetete em punho começaram a revirar os arbustos até que encontraram o RÁDIO.

Com o aparelho na mão e olhando para todos os lados diziam mais ou menos o seguinte:

"Fala agora, me assusta ô malandro, aparece ô vagabundo, aparece se tem coragem."

Foi quando emitimos um som de voz fina, de quem está com medo.
"Não, não bate em mim seu guarda. Por favor, não bata em mim, pois sou tão pequenino."


E o BARRETO não agüentou e, colocou o rádio em órbita.
Ao cair, se espatifou.


Lembro de enxergar as pilhas picando no paralelepípedo.

Enquanto meus amigos fugiam do local, saindo lá pela casa da mãe do Serjão Dahlen, eu olhava desesperado, vendo os cacos que viraram meus 150 dólares.

Alguns anos depois o Barreto saiu da Brigada e montou uma oficina de consertos e montagem de bicicletas que ficava nos fundos da Loja do Arno Johann.

Como eu trabalhava lá, comentei o assunto com ele.
Rimos um bocado, e sempre que podia eu o imitava, bradando com o RADIO na mão.


"OLD GOOD TIMES"

Roberto Ruschel

2 comentários:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Lady Laura por que será que todo guri é sem vergonha? Eu fui com certeza, só que minha memória está bloqueada e nada consigo lembrar.
hahahah
Brincadeira, pois fiz uma a um colega ordinário na Escola de Mestria Agrílcola Canadá que não conto por respeito aos teus leitores.
Mas quefoiuma sacanagemjusta foi. pois o cara não valia nada.
Não fiz sozinho, a coisa foi coletiva.

Anônimo disse...

Boa a crônica e bom lembrar dos tempos em qua as sacanagens eram mais saudáveis.