quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

PROSA DE LAVADEIRA

- Cruz, credo, hoje trabalhei feito escrava, viu Zulmira.
- É os verme.
- Acordei 4 e meia da madrugada.
- Ué, mas não foi vê os Lima nos Dick?
- Fui, mas tinha tanta fumaça no palco que só ouvi.
- Entupido de gente, né?
- O povo tá evoluindo. Antes só sertanejo.
- E pagode.
- É... Comadre, cedinho lavei a pia cheia de louça de ontem, mais duas tulha no tanque, dipindurei tudo, varri o quintal e liguei no Paulo Rogerio. As oito tava faxinando na prefeitura. Encontrei o seu Martini, cada veiz mais magro. Depois seu Beto, virado em olheira. Esse também é outro que não dorme de tanta incomodação.
- E a dona Rejane?
- Essa encontrei na parada.
- De que jeito?
- Ela, dona Carmem e as gurias tudo. Botaram o professor Schierholt pra trabaiá. Agora vai ter que cuidá das leitura dos outro.
- Crédo... Já tinha se aposentado.
- Eu sei mas inauguraram uma caixinha de leitura na parada de ônibus da Olavo Bilac. Deu a idéia, si rala.
- A gente vai lê livro ou revista?
- Folhinha. Peguei uma receita de bacalhau pru Natal.
- Bobaiona... Tu nem tem dinheiro pra comprar essas finura.
- Quiqui tem? Troco por lambari.
- Ah, bom. E o resto do povo pegou pra ler também?
- Não apareceu ninguém, Zu! Às onze passou o Scherer vazio e eu perdi.
- De que jeito, criatura?
- Tava lendo...






@ "Diz pra Zulmira que, se sobrar um tempinho, tem EJA em três escolas municipais noturnas. Nós a acolheremos de braços abertos em nossas escolas.
Lá, ela vai encontrar bibliotecas muito bem "servidas" e laboratório de informática para se comunicar com outros 'mundos'."
Autoria preservada



Um comentário:

maris disse...

A a pretensão é trazer cultura ao povo?????Desse jeito Lajeado vai devagar...