sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PROSA DE LAVADEIRA...

- Lembra aquele dia que o Alan voltô chorando pra casa, comadre?

- Se alembro. Por causa de que mesmo?

- O patrão botô de castigo embaixo da escada.

- Credo... te parece meu tempo de ajueá no milho...

- Matou o serviço, aquela peste.

- Mas não era caso disso, né comadre. Naquele calorão...

- Nem um copo dagua, nem mijá, nem nada.

- Pra que se alembra disso agora?

- Porque o piá ganhou na justiça.

- Eita e existe isso?

- Foi pra compensá a vergonha.

- E deu quanto?

- Vai dar pra comprá dois terreno bão no loteamento novo da Benjamim, sabe?

- Virge, longe... Vão sair do morro?

- Sei não... Ou vão comprá uma kombi nova.

- Pra puxa frete?

- É.... Entregá rancho de supermercado... Faze uns bicos.

- É bão... Daí não percisa lavá tanta ropa, né cumadre?

- É. To cansada dessa vida.

- É... A gente se obtura.

- Crédo...


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