DE PROSA COM AS LAVADEIRAS...

- Por que esses olhos vermelhos, Sibila?

- Meu casamento, Zulmira... Lá se vão vinte anos e uma encrenca.

- Credo... Nem me fala!

- O pior é as comadres dando pitaco na cerca quando estendo as roupas pra quará, ai...

- E tu ainda dá ouvido, criatura?

- A Tere falou que a gente é culpada de tudo.

- Tudo? Tudo o quê, Sibila?

- A falta daquilo no casamento.

- Era só o que me faltava mesmo. E pára de chororô.

- A Ana disse que casamento só dá certo se os dois gostam de conversar.

- Como assim?

- Um com outro. Eu ando cada vez mais muda. E o Frantz, surdo. Aí a Marlei falou que se os dois não dão risada junto, o casamento termina.

- Virge.... Ri de quê?

- Daí a Tere disse que o ciúme também acaba com o casamento.

- Bom...

- Daí a Raka falou que sexo é  tudo... tudo mesmo.

- Então a gente se ferrô... Como elas sabem disso?

- Fizeram curso com uma tal de Nelma Penteado que mandou elas botarem salto pra ir na padaria e na Imec.

- E a gente perdeu o curso!?

- Perdemo, Zulmira. Daí a Tere também disse que era pra comprá o livro “10 Maneiras de segurar o matrimônio”.

- Não vamo compra coisa nenhuma.

- Não?

- Vamo na biblioteca pública pedi pra dona Jane.

- Então ta.

- Agora bota mais q-boa nessas cuecas que é pra tirá as manchas de batom.

- Ta.

- E daí vê se pára de chorá, criatura.