Nem todo mundo é à favor da beatificação do Papa...
Um Papa autoritário: João Paulo II pode ter sido uma figura "empática" fora da estrutura hierárquica da Igreja, mas dentro fez-se notar "pelo regresso ao autoritarismo espiritual", critica Pedro Freitas, coordenador internacional do Movimento Internacional Nós Somos Igreja (MINSI).
"Foi, de fato, um Papa que se abriu ao mundo e que batalhou pelo ecumenismo, mas dentro da Igreja foi uma figura autoritária, do ponto de vista teológico e do ponto de vista do pensamento dos bispos e religiosos", defende.
Exemplo disto foi o afastamento de vários teólogos e bispos durante o seu Papado - como o suíço Hans Küng, afastado do ensino, ou o padre brasileiro Leonardo Boff, impedido de publicar. "Pode ser interpretado como uma tentativa de silenciar todas as teologias que fossem menos próximas às do Vaticano", sustenta o movimento.
Esta "tendência" de João Paulo II para o "autoritarismo espiritual" - que o levou a "desacreditar a teologia da libertação" - terá contribuído para "o abuso sexual de milhares de crianças no mundo inteiro", acusa o MINSI.
Pedro Freitas recorda que existem "documentos que provam" que o antigo Papa sabia de alguns abusos. "E não afastou os responsáveis, para proteger a hierarquia da Igreja", critica.
Beatificação precipitada são fatos, diz o MINSI, que "chocam" com a imagem de popularidade de João Paulo II. "Por isso, a vida de Wojtyla é uma contradição: ele deu uma imagem de proximidade, como nenhum outro Papa fez", admite Pedro Freitas.
O movimento opõe-se à beatificação no próximo domingo. "Em face de tantas ambiguidades, a figura de João Paulo II deveria ser analisada com mais calma e, ao invés disso, o processo ainda foi acelerado. Não dizemos que Wojtyla não possa merecer a santidade, mas é precipitado demais". Até porque os santos existem dentro da Igreja "para que as suas vidas sirvam de exemplo para os fiéis e mais importante do que ter havido um milagre é a figura completa da pessoa".
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