sexta-feira, 5 de abril de 2013

CRÔNICA: TECNOQUILHARIAS


1 Dias desses meu sobrinho foi ao cinema. Quando saiu esqueceu o kindle. Como estava no aeroporto de Porto Alegre embarcando, ligou para a mãe em Florianópolis e pediu para ela entrar em contato com o cinema. 
Assim fez ela. 
A moça do cinema disse que a sala estava lotada e só podia verificar no termino da sessão. 
A mãe insistiu: justamente por isso. Vão levar o kindle. 
A moça se rendeu ao apelo maternal.
Meia hora depois minha cunhada ligou de novo. 
A moça disse que o kindle estava realmente lá e que ela guardaria o kindle até que alguém fosse buscar.
Nesse meio tempo o meu sobrinho já tinha desconectada a senha do kindle. Se alguém levasse não poderia usar. E para que serve um kindle sem senha, não é mesmo?
O fato aconteceu no cinema do shopping Moinhos de Vento.

2 Meu sobrinho pensou que por ser um shopping de classe A, a pessoa que encontraria o kindle, devolveria. 
Eu penso que, muitas vezes, as pessoas da classe A roubaram tanto na vida para alcançar o status classe A que não hesitariam em afanar um kindle. Estão aí os políticos que assinam embaixo do que estou dizendo. E muitos empreiteiros, funcionários públicos, etc. Não estou disseminando nada de novo.
Depois que minha cunhada contou o episódio, não resisti e sussurrei:
- E o que é um kindle?
- É um aparelho para ler livro eletronico.
- Ahhhhhhhhhhhhh... Então ta.



3 Fui pesquisar. “É o segundo tablet mais vendido do mundo, perdendo só para o iPad.” Parei por aqui. 
Literalmente parei há muito tempo. 
E não foi por causa da artrose nos dedos ou da epicondilite em ambos os cotovelos. 
Não consigo mais acompanhar tanta evolução e tanto consumo. 
Desde que o cd entrou em recesso e que qualquer um baixa musica da internet, armazenando no pen-drive, parei. Ate porque “armazenar” ainda me lembra secos e molhados, alpaca ao lado das lingüiças e das bacias de alumínio. 
Sim, não sei baixar musica nem filme. 
Não tenho ipode, ipad, ipqp. 
E meu celular é para me despreocupar com a vida dos filhos. 
Minha câmera fotográfica só fotografa. Mas o meu tênis não dá chulé. 
E ainda sou do tempo jurássico de ler jornal de manhã cedo sujando as mãos de tinta enquanto equilibro uma xícara de café que só serve para se beber café.
Kindle? Só conheço o kinder ovo. Aquele das surpresas inexpressíveis.



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