sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SOMOS DO BEM?

Vamos lá: façamos um esforço para  lembrar de que lado estamos na ponte da vida.
Somos criaturas boas? Boazinhas? Más? Muito ou pouco?
É sério: uma breve reflexão a calhar nesses dias de friaca de Agosto, com duas enchentes em menos de vinte dias.
Quando é que fomos verdadeiramente humanitários com o próximo?
Epa, não confundir o próximo com alguém da família.
Também não vale o solidário melhor- amigo- do- homem que nos espera acenando o rabo, ansioso, a cada fim de tarde.
Então, olha só, os cientistas descobriram o quanto podemos ser generosos ou maldosos. 

O Instituto Nacional de Desordens Neurológicas e Doenças Cerebrovasculares tem seu endereço nos  Estados Unidos, mas a pesquisa foi realizada por dois cientistas brasileiros. Melhor, cariocas. 
O que eles fizeram? 
Resumindo grosseiramente: juntaram 19 sujeitos e deram a cada um deles 128 dólares. Mostraram um telão com imagens de diferentes entidades assistenciais. As cobaias só precisavam dizer se doavam cinco dólares ou não para cada entidade apresentadas em um vídeo. Caso não doassem tudo, o que sobrava era embolsado por eles.  E assim, com fios da ressonância magnética grudado na cabeça dos voluntários, os cientistas analisavam o grau de satisfação a cada escolha que eles faziam.

Quem não doava, pasmem, registrava uma imensa atividade nos circuitos de prazer.
Minha leitura: prazer melhor era embolsar a grana de quem precisava. Isso talvez comprove que a corrupção... Deixa pra lá.


Gente, quando paramos antes da faixa de segurança, permitindo que os pedestres atravessem a rua com tranqüilidade, quando engolimos uma fofoca e não passamos adiante, quando doamos algo sem esperar nada em troca - essas frágeis delicadezas de gente do bem - é científico: ativamos nosso córtex subgenual e o hipotálamo, e dessa forma secretamos hormônios prazerosos, proporcionando bem estar para nós mesmos.

E quando agimos por raiva, desprezo ou indignação,  quando a bílis ferve e o fel escorre, ativamos o lobo frontal lateral.
Não vou me espantar se daqui um tempo estes “crânios” descobrirem como ler nossos pensamentos. E já se sabe que os neurocientistas londrinos estão bem perto desse feito.
Sim, porque comandar o pensamento, o brasileiro Miguel Nicolelis já descobriu.
*
Mas receio que descobrindo os pensamentos da gente, cruzcredo, a coisa toda desanda feito uma schimia da colônia, dessas bem meladas, que guarda uma mistura de coisas extrínsecas e acidentais que sequer podemos imaginar, mas que adoramos passar no pão de milho com uma grossa camada de keschmier fresca. Ahã.

À propósito: em tempo de chuvas e alagamentos no Vale, você sabe que pode exercitar o seu hipotálamo, não é?  Neste domingo, às 14h, no Parque dos Dick em Lajeado, campanha de doações para os flagelados da enchente. Faça bonito, faça a sua parte.

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