Nesta quinta-feira o Colégio Mellinho completa 50 anos de fundação: 1º de março de 1962.
A maioria dos alunos não sabe das dificuldades que os professores passaram para fundar a escola, num tempo onde só exista ginásio para jovens abonados.
Lajeado em 1963.
Naquele tempos de praça matriz cheia de arvores, ruas ainda não calçadas, os rapazes lajeadenses seguiam para a Escola São José, hoje Castelinho. E as meninas para o Colégio Madre Bárbara. Ambos de orientação católica.
E os jovens, de famílias evangélicas seguiam para o Alberto Torres.
Escola pública para cursar o ginásio (hoje seria da 6ª até à 8ª) não havia e muitos desistiam de estudar e passavam a trabalhar cedo na vida.
“Os que se encontravam em situação desfavorável, se não ganhavam bolsa, desistiam de ir adiante nos estudos.
Foi então que procurei o Brizola para construirmos uma escola estadual.
Naquela época existia a Campanha Nacional de Educação. Em três meses, a inspetoria oficializou a nova escola estadual. E o Melinho iniciou em 4 salas cedidas pelo Grupo Escolar Fernandes Vieira.
Mais tarde foi construído pelo Brizola um anexo no Fernandes Vieira, de madeira, e ali passou a funcionar o Melinho."
Lideranças nos anos 60 em Lajeado
“Naquela época foi terrível a questão política.
Eu que não era nem filiada nem nada fui delatada como “comunista”.
Um dia encontrei o Guido Moesch.
Ele me disse que eu precisava ver uma carta onde lideranças de Lajeado haviam escrito inverdades para o governador Ildo Meneghetti.
Junto com Rui Azambuja e outros de partidos opostos, fui até o governo, em Porto Alegre.
Li a carta e entre as coisas mais amenas, estava escrito:
“mulher perigosa, comunista, fanática, que perseguia os filhos das pessoas de outros partidos... "
Anos depois fiquei sabendo que eu era fichada no Dops.”
Muitas outras histórias sobre o período da ditadura e perseguições foram relatadas naquela tarde. Mas o que realmente importa é a persistência de dona Zuleica para fundar a nova escola.
Muitas outras histórias sobre o período da ditadura e perseguições foram relatadas naquela tarde. Mas o que realmente importa é a persistência de dona Zuleica para fundar a nova escola.
Recepção aos alunos na volta às aulas em 2012
Zuleica Born foi uma visionária, mulher incansável até ver o Mellinho de casa nova e ginásio. A Escola Cenecista João Batista de Mello deve se orgulhar de sua trajetória.
Em 1965, o Colégio passou a funcionar em prédio próprio, cujo terreno foi doado pela Prefeitura Municipal de Lajeado.
O 1º Ciclo do Curso Secundário foi reconhecido pelo MEC em 20 de abril de 1970, quando Zuleica encerrou sua administração, que durou 8 anos.
Também foram diretoras de destaque Maria Herina Matte e Ilsi Fornari.
Hoje a direção responde por Graziela Lorencet e a escola oferece turno integral, além de diversas atividades extra-curriculares.
Parabéns Mellinho!
7 comentários:
A Dona Zuleica sempre vai morar no meu coração.Um abraço Laura.elacy
Legal saber dessa história, não imaginava essas peripécias da política lajeadense. Valeu o garimpo Laura. Descobri até uma ligação pessoal insuspeitada com o Melinho, pois foi naquele anexo de madeira do Fernandes Vieira que eu comecei a aprender violão, nos anos 70. Ali funcionava o Instituto Musical Mascarenhas.
Uma das fotografias que identificas como sendo de uma praça me deixou com dúvida. Seria mesmo uma praça ou um bosque intocado?
Sugiro seja postada junto com essa fotografia outra e atual do mesmo local a fim de que se possa comparar e aferir qual o estrago sofrido ali.
História edificante de Da. Zuleica em prol da educação.
Faz-nos refletir se nossa sociedade está produzindo, hoje, pessoas deste gabarito para deixar exemplos à posteridade.
Tia Zu, desde o jardim do G.E. Fernandes Vieira. Eternamente grato. Devo a você minha formação.
Apresento aqui os meus parabéns ao Sr. João Batista de Mello pelos seus 50 anos de vida. Que ele continue assim, junto com os seus familiares, na direção deste educandário.
Tive a oportunidade de estagiar e lecionar no Mellinho muitos anos atras,Educacao Fisica. Dona Herina era a Diretora na epoca. E qual nao foi minha surpresa ao visitar o Laurinho e a Rose la no Barbatana (Ferrugem)no mes passado, quando , no meio de uma "beinnngeladinha", entra um grupo de Lajeadenses e um deles lembrou que foi aluno meu naqueles tempos....baita satisfacao.Alguns ainda lembram.Sucesso ao Mellinho.
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