Na última terça-feira, um feriado facultativo lembrado por 800 cidades brasileiras.
Para homenagear a data, o governo lançou um selo do Parque
Memorial dos Palmares, a maior referência africana das Américas. Selo para
colecionador, já que ninguém mais escreve carta, pensei sem querer.
Um dia para a Consciência Negra, lembrando o quanto somos
racistas e preconceituosos, pensei, novamente, sem querer.
O governo brasileiro escolheu essa data para homenagear
Zumbi, filho de guerreiros angolanos e líder do Quilombo dos Palmares, em
Alagoas, morto no dia 20 de novembro de 1695.
Zumbi quem?
Ainda criança, aos seis anos, Zumbi foi seqüestrado por
soldados e entregue ao padre Antonio Melo que o batizou de Francisco. O
religioso educou o menino em português e latim. Mas aos quinze anos Francisco
fugiu e voltou para o Quilombo como Zumbi. O que sobrou deste passado pesquise
na internet.
Enquanto escravidão, enquanto açoite e penúria, os quilombos
representavam um reduto de heróica resistência para os homens, mulheres e
crianças negras. Mas, liberdade ainda que tardia. Só em 1888, se você ainda
lembra das contraditórias aulas de História, os negros se libertariam do tronco
e da senzala e da tirania pela assinatura da Lei Imperial. Luta e resistência, sangue
e revolta não cabe em meia dúzia de linhas, seja de qualquer raça, na pretensão
desta crônica – pensei, querendo me redimir da ignorância.
Conforme a novela das seis da Globo, em 1910, os marinheiros
negros ainda sofriam muita desumanidade nos navios brasileiros. Daí a Revolta da Chibata. A novela é de livre
inspiração, diz os créditos finais. Fui pesquisar. É uma mortandade sem fim.
Melhor a ficção.
Em 2003, para redimir os dias intolerantes, a lei aprova o
Dia Nacional da Consciência Negra e torna obrigatório o ensino sobre História e
Cultura Afro-Brasileira.
Dizem que em todas as escolas do país, os alunos estudam a
história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Será que na branca Vale do Taquari também? pensei duvidando.
No Youtube, um vídeo com o ator Morgan Freeman. Questionado
sobre o mês da Consciência Negra,
responde que considera ridícula a data.
Por que? – questiona o entrevistador. Freeman devolve a reflexão:
“Você vai confinar toda a minha história a um único mês?
O que você faria com a sua história?
Qual o mês da consciência branca?”
Agora, pensem os leitores.
* Minha crônica jornais Opinião, Encantado e A Hora, Lajeado.
À propósito:
Pule os anuncios e escute Strange Fruit, canção imortalizada por Billie Holiday, cuja letra condena o racismo americano, principalmente, no sul dos Estados Unidos.
A letra é um poema escrito em 1936, por um judeu, Abel Meeropol, sobre o horror do linchamento de dois homens negros.
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