segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CONSCIÊNCIA & PRECONCEITO


Na última terça-feira, um feriado facultativo lembrado por 800 cidades brasileiras.
Para homenagear a data, o governo lançou um selo do Parque Memorial dos Palmares, a maior referência africana das Américas.  Selo para colecionador, já que ninguém mais escreve carta, pensei sem querer.

Um dia para a Consciência Negra, lembrando o quanto somos racistas e preconceituosos, pensei, novamente, sem querer.

O governo brasileiro escolheu essa data para homenagear Zumbi, filho de guerreiros angolanos e líder do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, morto no dia 20 de novembro de 1695.
Zumbi quem?

Ainda criança, aos seis anos, Zumbi foi seqüestrado por soldados e entregue ao padre Antonio Melo que o batizou de Francisco. O religioso educou o menino em português e latim. Mas aos quinze anos Francisco fugiu e voltou para o Quilombo como Zumbi. O que sobrou deste passado pesquise na internet.

Enquanto escravidão, enquanto açoite e penúria, os quilombos representavam um reduto de heróica resistência para os homens, mulheres e crianças negras. Mas, liberdade ainda que tardia. Só em 1888, se você ainda lembra das contraditórias aulas de História, os negros se libertariam do tronco e da senzala e da tirania pela assinatura da Lei Imperial. Luta e resistência, sangue e revolta não cabe em meia dúzia de linhas, seja de qualquer raça, na pretensão desta crônica – pensei, querendo me redimir da ignorância.

Conforme a novela das seis da Globo, em 1910, os marinheiros negros ainda sofriam muita desumanidade nos navios brasileiros.  Daí a Revolta da Chibata. A novela é de livre inspiração, diz os créditos finais. Fui pesquisar. É uma mortandade sem fim. Melhor a ficção.

Em 2003, para redimir os dias intolerantes, a lei aprova o Dia Nacional da Consciência Negra e torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
Dizem que em todas as escolas do país, os alunos estudam a história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Será que na branca Vale do Taquari também? pensei duvidando.

No Youtube, um vídeo com o ator Morgan Freeman. Questionado sobre o  mês da Consciência Negra, responde que considera ridícula a data. 
Por que? – questiona o entrevistador.  Freeman devolve a reflexão:

“Você vai confinar toda a minha história a um único mês?
O que você faria com a sua história?
Qual o mês da consciência branca?”

Agora, pensem os leitores.

* Minha crônica jornais Opinião, Encantado  e A Hora, Lajeado.


À propósito:

Pule os anuncios e escute Strange Fruit, canção imortalizada por  Billie Holiday, cuja letra condena o racismo americano, principalmente, no sul dos Estados Unidos.

A letra é um poema escrito em 1936, por um judeu, Abel Meeropol,  sobre o horror do linchamento de dois homens negros.

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