Lajeado-Arquivo Born - 1963
Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente.
Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo.
Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias.
Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente.
Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época.
Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?
Colaboração: Anelise Vier Behs
Colaboração: Anelise Vier Behs
5 comentários:
Adorei esse texto!!! QUando eu era pequena... refrigerante só em garrafa de vidro ( é o melhor refri). No supermercado, eram sacos de papel e não sacolas plásticas. Eu usei fraldas de pano!! A mãe lavava, fervia... nossa!!
Quando eu era pequena, tomava banho de rio! Hoje não posso mais... não tem mais rio como naquela época! Eu ainda tive uma infância que ninguém mais vai ter...
Andava de bicicleta a tarde toda, bebia água direto da torneira... viva com os joelhos com mercúrio (que hoje tb não pode mais usar....)... ô saudades!
A época desta senhora? Como assim? Ela está morta? Se essa senhora permanece em estado ativo, indo vindo, dizendo e revendo sua visão de mundo, creio, ser o hoje seu tempo também. E outra, No mínimo essa idosa deve ter suas manias anti meio ambiente igual a todos nós, deve ter inúmeras tevês, Pegar ônibus, carro... para ir até a esquina, e usufruir de um arcabouço de produtos não biodegradáveis. Porém, sei que ela, deve ser uma pessoa consciente que ensina, que passa para os seus ensinamentos tão sagazes... Igual a todos nós, sabedores de caminhos para uma demagogia do caralho. Claro, para esses dias demagógicos precisamos entrar na linha para sermos idiocracistas nessas fábulas, nesse mundo de faz de conta...
Laurinha...aquela espiada pelo muro me remeteu ao Cine Avenida, anos 60, onde a noite, subiamos na grade que era usada antes de começar a sessão, para organizar a fila dos guichês. Da janela assistíamos os filmes, através da abertura das janelas basculantes. Quando o facho de luz do foco do Seu Donga (Menezes)ou do Cabelinho (Adalberto)dava sinal na escuridão do corredor, a debandada era geral pelos terrenos adjacentes. Nas noites de filmes proibidos faltava espaço no puleiro. Bons tempos.
Na primeira foto, a Rural está em frente a casa da Marion, local de algumas reuniões dançantes, e do outro lado da rua, a casa do Seu Adão Martins da Silva, e ao fundo, no alto, a fachada de entrada do Hospital Bruno Born. Laurinha, devias tirar uma foto da mesma posição para compararmos.
Anualmente no verão dos anos 60, passava uma semana na casa do primo Airton dos Santos Ville em Bento Gonçalves. Morava perto do Aero Clube. Todas as manhãs acordavamos cedo para ajudar o leiteiro, num jipe que hoje é moda ter. Havia na parte de traz dois grandes tarros com uma torneira. Ele parava na casa dos clientes, onde garrafas de leita vazias esperavam para serem cheias com o precioso liquido, que era o nosso serviço. Como pagamento, Tia Yolanda, hoje com 90 anos, recebia 2 litros. Puxa que este post rendeu uma grande quantidade de boas recordações.
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