sexta-feira, 12 de junho de 2009

CRONICA DO ROBERTO

DEU BOLO MESMO

Na rua Silva Jardim, nº 135, onde hoje se entra para o SESC, já foi a Casa Born.

Havia ali uma escadaria que dava para uma marcenaria no segundo piso, onde tinha de tudo para restaurar, montar e desmontar móveis.
Da janela tínhamos uma ampla visão de tudo que se passava pela rua, e assim, num certo dia, logo após o almoço, estávamos lá consertando nossas carreteras, carinhos de corrida feitos de madeira, quando observamos que a turma que frequentava o Restaurante do Leocádio, posicionara uma escada e estavam surrupiando, no 2º andar do prédio em frente, um bolo que a dona Ottilia Correa Lima, esposa do seu Condelo Lima, colocava com freqüência, na janela para esfriar.

Dona Ottilia era professora e também foi Diretora do G. E. Fernandes Vieira, e o esposo, seu Condelo, era o alfaiate da praia cujo atelier ficava no primeiro andar desta casa. Era um sujeito muito brincalhão e nosso amigo.

Imediatamente resolvemos descer para ver de perto o que acontecia, e como a Loja ainda estava fechada, saímos pelos fundos.

Ao pular o muro do Vô Hugo, terreno onde existia este restaurante, notamos que o bolo havia sido deixado ali, enquanto que os larápios aguardavam lá na frente o estouro.

Sem sermos notados, pegamos o bolo e voltamos para o pátio da Casa Born.
Colocamos o bolo numa caixinha e, numa correria saímos pela rua de traz, a Marechal Deodoro, dobrando na esquina com a rua João Abbot.

De lá fomos em direção ao Prinz, entramos na Oswaldo Aranha, dobrando a quadra seguinte na Benjamin, por onde acessamos a casa do Seu Condelo pela lateral, encobertos por uns caminhões que estavam estacionados no Posto de Gasolina. Devolvemos o bolo à professora Ottilia, contando o ocorrido.

Seu Condello sabendo que aquele grupo sempre estava aprontando alguma sacanagem, fez a parte que lhe cabia na brincadeira. Simulando indignação, reclamando e berrando desceu até a rua, onde após alguns momentos de muita risada, os infratores contaram que tinha sido eles e que era apenas uma brincadeira. Porém, quando o Leocádio mandou seu filho de criação, o Pedro, buscar o bolo, “deu bolo mesmo”...

Réus confessos, o grupo não sabia o que fazer.
Seu Condelo exigia a devolução. Como não era possível, negociou uma reparação que aconteceu dias depois, quando à convite dele, a turminha toda - Levi, Ivan, Érico, Djair e eu - jantamos no restaurante um gostoso ensopado de pintado, especialidade que o Leocádio sabia preparar muito bem.

Roberto Ruschel

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