quinta-feira, 1 de abril de 2010

AH, OS PROFESSORES...

“... chegamos a uma conclusão bem incômoda: ensinar em escolas públicas hoje é estar submetido a uma prática de achincalhamento constante.

Sem remuneração adequada, prestígio social e formação continuada, o professor é um profissional desautorizado por todos. Oscila entre comportar-se como uma criança que sofre bullying, evitando ir à escola, fazendo-o com os olhos baixos e voz sumida...”
Diana Corso
ZH de ontem

10 comentários:

Luís Galileu G. Tonelli disse...

Não acredito nessa crônica. Não acredito ou não quero acreditar.

Vivo como professor e aprendi na minha vida que nenhuma reclamação desce, ela deve sempre subir. Chorar as pitangas para alunos não resolve, ter atitude quando das assembléias gerais isso sim.

Diferente do que foi escrito na Zero Hora, eu sinto gozar de prestígio social sim. Isso é postura e não salário. Sempre tendo em mente a igualdade entre todos.

Independente do salário somos vistos como uma classe rebelde, mas ainda assim letrada. Para alguns ainda somos os detentores de conhecimento. Isso trás sim respeito. E se preciso demonstro isso. Não permito que de maneira nenhuma rebaixem o grupo do qual faço orgulhosamente parte.

Não me sinto mais desautorizado do que um policial ou delegado que tem de devolver à rua aquele marginal pego em flagrante por falta de espaço na carceragem. Quem tem autoridade hoje? Qual é a definição de autoridade dessa pessoa?

Se autoridade é ser respeitado como profissional que cumpre seu dever, seu horário, que busca sempre sua capacitação e ainda impõe-se e intervém quando é o momento. Falo por mim e muitos colegas de escola, ainda o somos.

Respeito não se ganha e sim é conquistado. Assim como existem políticos que podem ser respeitados, policiais, existem ainda professores. Basta que se tenha a postura e moral para poder cobrar.

Anônimo disse...

"Não permito que de maneira nenhuma rebaixem o grupo do qual faço orgulhosamente parte."
Se permites ou não isso pouco importa. Teu grupo já está rebaixado.
"Para alguns ainda somos os detentores de conhecimento."
Realmente, só para alguns. E não são os que deveriam: os alunos e especialmente os pais dos alunos.
Espero que cada vez menos as pessoas se sujeitem a trabalhar em escolas públicas, com pais e alunos mal educados. Com governadores achando que professor tem mais é que trabalhar por amor a profissão. Quero ver todos tedo que pagar para que seus filhos tenham alguma educação.

Luís Galileu G. Tonelli disse...

Eu realmente espero que algum dia tu possa conhecer um professor de verdade ou lembrar dos que já passaram em tua vida.

Se tu acredita que o grupo está rebaixado é porque tu não conhece a realidade da profissão pelas vistas de um profissional da área. Apesar do descaso do governo somos uma das poucas classes que ainda tem coragem de se rebelar e insurgir contra seus opressores. Se conheces a Karl Marx sabes do que estou falando. E se a ele conheces, agradeça teu professor.

Alíás, já que sabes escrever te lembre que foi um professor(a) quem te ensinou. E a cada dia esse professor(a) faz isso por muitas outras pessoas. E repito, ninguém pode rebaixar uma pessoa que tem ciência de si mesma.

A classe que tu enxergas como rebaixada, a todos os dias da inúmeras lições até mesmo de cidadania a todos.

Não há recentimento na minha fala, adoraria discutir mais o tema que a Laura trouxe aqui. Mas discutir com civilidade e fatos. Gostaria que mais pessoas participassem da nossa conversa.

Digo e repito que até o fim defendo a postura da classe. Se formos falar apenas de casos isolados e esquecermos os bons exemplos tanto da Polícia, Judiciário, Política e tratarmos apenas casos isolados de desrespeito veremos que não são restritos a classe dos professores.

Sinta-se convidado a vivenciar a minha atuação na escola onde trabalho.

Luís Galileu G. Tonelli disse...

Esqueci de um detalhe. A prova contundente do que eu te disse é que os frequentadores do blog mesmo concordam comigo em sua maioria esmagadora (quase o dobro da segunda colocação), quando dizem que a melhor forma de impedir a criminalidade é a educação (veja a enquete do blog).

Ou seja, a sociedade ainda volta-se para a educação como solução de seus problemas. Não seria essa a maior prova de valor da escola e dos professores? Não sou eu, são os números amigo anônimo, quem sabe até você me deu razão com seu voto. Pense nisso. Atribuir à educação a capacidade de regenerar a sociedade é nada mais nada menos do que acreditar no potencial da educação e professores ;).

Anônimo disse...

— E, em relação à educação, o que você pensa?

— Atualmente acho até perigoso botar criança na escola. Porque o ensino chegou num ponto que não dá mais para comentar, chamar de crise é otimismo. O que existe é a total decomposição, não existe a menor idéia do que seja educação. Fala-se em educar criança para o futuro. Mas se eu educar uma criança para o futuro, vou ensinar a ela uma coisa que não conheço. A função da escola não é preparar ninguém para o futuro, no futuro ela vai ter que se virar. Você não sabe se elas vão querer esse futuro que você está querendo. Então as crianças estão sendo usadas apenas como suporte publicitário de campanha de governo.

Por Olavo de Carvalho - Filósofo

heinz disse...

muito bem tonelli!
matou a pau nas tuas colocações precisas!

Anônimo disse...

Talvez no link abaixo possa-se aprofundar a pesquisa sobre o tema deste post.....:

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/filos05.htm

Tudo tem sempre dois (ou mais) lados e a busca da informação séria e verdadeira passa pela investigação de todos os pontos de vista...A educação no Brasil é um jôgo, um mercado de negócio,uma verdadeira quitanda para compra e venda de serviços e produtos ,similar uma feira de vestuário , basta analisar...Lamentável isso !

Anônimo disse...

o Tonelli falou falou e não disse nada. Falou de si. E não entendeu nada que o 1º anônimo disse. Levou pro lado pessoal. Os pais estão pouco ligando para os professores. Para eles as escolas são depósitos de crianças. Mandam pra lá enquanto trabalham.
Argumento? Pais são contra as greves reivindicando melhores salários. Basta ver os comentários na ZH quando isso acontece. Estão preocupados com a praia que vão perder. Se dessem importância para os professores, seriam eles os primeiros a exigir um aumento para a categoria. Responder enquete é fácil. Mas no dia-a-dia a coisa é bem diferente.
E dizer que salário não é importante, é uma piada. Quero ver quem aqui trabalha de graça.
Cobram que os professores se atualizem. Como? escutando o vento?
E para constar: a grande maioria dos estudantes de licenciatura (não todos), estão lá porque não conseguem entrar em outros cursos. Não porque tem "vocação". Não por causa dos "ótimos" salários. Não por causa da "valorização" da sociedade.

Luís Galileu G. Tonelli disse...

Olha, eu só posso falar por mim e por números de enquetes e pesquisas. Se tu te baseia na enquete da ZH eu me baseio na minha realidade mais próxima. Neste caso a enquete do Blog da Laura :).

E sei que eu só posso falar da realidade que vivo e vejo próxima de mim. E essa realidade mostra que na maior parte das escolas estaduais que eu trabalhei e trabalho, o que menos os pais de alunos podem fazer é ir à praia final ou meio de ano. Triste ou não, particularmente não gosto de praia, essa é a real.

E volto a fazer o convite a todos os anônimos ou não anônimos que se importam com a educação pública, há sempre algum serviço nas escolas estaduais que cabe nas habilidades de cada um de nós. Da troca de um vidro, a instalação e monitoria de computadores passando por ajudar na limpeza do pátio da escola.

E se for para conjecturar sobre uma realidade que eu não vivo, ou seja, especular. Tudo o que foi dito sobre um professor no texto da Diana Corso, substitua a palavra professor por policial, político, gari, promotor, juiz, etc. O texto não deixa de perder o sentido. Seja no Brasil ou no mundo.

O meu ponto de vista é que se sentir inferior, ou aceitar ser inferiorizado, como sugere o texto só nos faz vítimas. E não podemos ser vítimas. Vítimas são coadjuvantes. Devemos ser protagonistas da nossa vida. Autoridade e respeito não se ganham e sim são conquistados até mesmo nos pequenos detalhes.

O ponto de vista aqui é simples: Existem casos de professores agredidos, existem casos de médicos agredidos, de policiais agredidos e até de blogueiras/repórteres agredidas por declarações. A diferença é que muitos colegas aceitaram ser vitimizados, como coitados. Coitado para mim é rato que nasce pelado no meio do mato em dia frio.

E sirva a carapuça a quem usar! Mas esse discurso demagogo e hipócrita da Diana Corso não me serve.

Luís Galileu G. Tonelli disse...

E por fim dizer que fazem licenciatura é por não conseguirem coisa é melhor é típico de alguém que REALMENTE não conhece a área. Na sequência vem com aquele discurso estapafurdio de que todo(a) enfermeiro(a) é um(a) médico(a) frustrado.

Só diz que salário de professor é ruim quem não conhece novamente a realidade. A remuneração estadual pode não ser a melhor, mas existem inúmeras outras instituições. Salários em escolas públicas municipais começam, para licenciados em torno de R$ 1.000,00 por 2o ou 25 horas semanais. Numa conta rápido, numa semana de apenas 40 ou 50 horas são R$2.000,00. Isso sem necessidade de dedicação exclusiva. Mais do que muito engenheiro mecânico em função trainee ou mesmo em início de carreia e não falo do piso definido por categoria conforme CREA, que nem sempre é respeitado, outra afronta a essa clase.

A remuneração federal classe D1 para docente é de R$ 2.124,00 por 40 horas de dedicação exclusiva com apenas a graduação. Passando a R$ 3.572,45 quando completo o doutorado, para o qual existe uma licensa remunerada.

Isso só para tocar no assunto de valores salariais iniciais possíveis, que foi um dos temas do último anônimo. Inicial, vejam bem. E caso exista necessidade de verificar a informação, basta acompanhar os editais de concursos para a área.

E que fique claro que o texto fala de coisas que são até maiores que salário. Em nenhum momento eu disse que salário não é importante. Mas eu disse que não é para o aluno que tu reclama de salário, não é ele quem muda isso. Digo e repito, reclamação sobe e não desce. E gostaria de ver mais classes manterem a sua luta como a nossa, de professores. Não nos escondemos atrás do anonimato, nem nas ruas nem nos blogs. Além de opinião temos a coragem e queremos mostrar essa coragem para todos!