quinta-feira, 1 de abril de 2010

CÁ COM MEUS VELHOS BOTÕES...


Dias desses... Fui fazer um exame no Hospital, que está em reformas, internas. Não deve ser fácil arrebentar paredes num hospital com doentes por todos os lados. Enquanto um sujeito operado, com oxigênio no rosto, descia por um elevador deitado na cama, dois operários empoeirados e com as botas sujas, passavam ao seu lado. Acho difícil não sair tudo contaminado de lá. Benza Zeus!
Dias desses... Fui no lixão. Montanhas de sacolinhas plásticas de supermercado. Um nojo. As sacolinhas ocupam o último lugar na cadeia de petróleo. Ou seja: não dá para produzir mais nada com elas. Verdadeira praga. Quando será que mudaremos esse hábito tão burro e poluente?

Dias desses... Fui ao cemitério. Engraçado como até a morte segrega. No antigo, da Hidráulica, ricos para lá, remediados para cá... Quais serão os critérios? Mas, caminhando entre aqueles que já foram, encontrei uma sepultura de uma pessoa que eu admirava muito, apesar do pouco contato. E surpreendeu-me, a inscrição no granito:

“Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.” Jorge Luís Borges

Não era para menos, não era para menos: coerência em vida e morte, emociona.



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