Em tempo de Feira do Livro em Lajeado - e pipocando feiras em toda região - há muito que comemorar. O ano de 2011 traz algumas datas literárias importantes e que merecem destaque nas feiras, nem que seja para lembrar aos profes uma conexão para incentivar os alunos a pesquisar e ler.
Por exemplo, esse ano comemoramos os 180 anos de nascimento e 150 anos de morte de Manuel Antonio de Almeida, autor da novela “Memórias de um Sargento de
Milícias”, leitura que volta e meia cai no vestibular e ainda não destronada pelos vampiros de Anne Rice.
E o poeta dos escravos? Castro Alves e os 140 anos de sua morte. Um bom gancho do “Navio Negreiro” para filosofar sobre preconceitos raciais entre nossas relações:
“Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!”
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!”
Aproveitando a vaga poética - quem escreveu “Cobra Norato”?
Raul Bopp que nas efemérides lembra os 80 anos de publicação do seu poema épico inspirado pelo Movimento Antropofágico. Da leitura de “Cobra Norato” pode se incentivar os alunos a linkar meio ambiente, sexo, modernidade, movimento dos sem-terra, mitologia, os desafios que a vida impõe e por aí vai: um prato cheio!
Um pouco de teatro: Convidamos para missa que lembra os dez anos da morte de “Dona Flor e seus dois maridos”, seu Vadinho e seu Teodoro Madureira, todos filhos diletos do nosso querido e ilustre escritor baiano, Jorge Amado. E ainda tem o filme do Bruno Barreto com a Sonia Braga deslumbrante. Não recomendado para o ensino fundamental, suponho.
E olha essa: Anna Carolina, nos seus inocentes dez anos, estudando na escolinha municipal na Praia da Ferrugem, em Garopaba, acaba de ler “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Temi por tédio ou que a leitura fosse precoce, mas depois rendi glórias a sua profe: esse ano comemora-se os 130 anos do nascimento de Lima Barreto.
E para não ficar só nos romancista e grandes poetas, agorinha, no dia 1º de julho, a imprensa cultural registrou os 20 anos de morte do cronista mineiro, Paulo Mendes Campos, um cara que serve como exemplo para esses alunos que ainda não sabem o que vão ser na vida: o escritor também não sabia e tentou Odonto, Veterinária e Direito. Passou pelo Jornalismo e Publicidade. Acabou cronista de mão cheia em jornais e na revista Manchete, onde vivia questionando os leitores e as perplexidades mundanas.
O que mais pode ser festejado nas feiras de livro deste ano além dos livrinhos de pintar e livros de auto-ajuda?
Os 180 anos de nascimento do poeta Álvares de Azevedo.
O centenário de nascimento do professor e crítico Afrânio Coutinho.
Os 130 anos de publicação do romance “O Mulato”, de Aluísio Azevedo, iniciador do Naturalismo no Brasil.
E os 170 anos de nascimento do poeta romântico Fagundes Varela, considerado por alguns críticos, um “poeta maldito”, um desenraizado, um infeliz no casamento, um desencontrado que morre aos 33 anos de idade.
Ler está na moda?
Então vamos se puxar para expor um modelito bem bacana...
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