quinta-feira, 8 de março de 2012

SIMPLESMENTE, ENEDE

  De repente fui surpreendida por um abraço e um beijo, enquanto aguardava sentada na sala refrigerada de um consultório médico.
Pensei que a mulher tinha me confundido com alguém.
Mas não.
O afeto devia-se ao dia de hoje.
Todas foram surpreendidas com o gesto. Todas desconhecidas.
Não resisti: mas a senhora acha que se deve comemorar o dia da mulher?
“Mas é claro! Conquistamos tantas coisas. Até a voz. Eu era tão submissa antigamente. Qualquer coisa que eu falava e o meu marido não gostava, eu já chorava. Hoje somos companheiros, somos amigos e não dependo dele para nada. Coisa de antigamente quando a gente era censurada,  não podia falar nada, nem um nome feio se podia dizer.  ” 

Enede Maria Migliavaca Iesbick é de origem italiana. Casada com um descendente sírio-libanes.  Dá por conta do seu bom humor e de suas atividades como micro-empresária no ramo de congelados, uma aparência jovial que não condiz com sua idade. Idade tão surpreendente que não vou revelar.

“Sou de Serafina Correa, mas moro em Estrela. Fui professora alfabetizadora.
E a gente deve comemorar a data sim, porque conquistamos novos horizontes, o nosso espaço. Vivo com mais abertura, não sou mais bitolada.
Antes éramos apenas mulher de forno e fogão e tanque.
A gente precisa lembrar das nossas conquistas todos os outros dias também.”

Sim, Enede vale o dia.

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