O amor dura três anos. Sim, o amor adulto.
(Porque o de mãe segue até o fim.)
Não sou eu que estou dizendo isso.
São os estudiosos da vida privada. Os tais cientistas sociais.
O cinema ilumina com holofotes:
“L'amour dure 3 ans " - roteirizando um livro-não-sei-quem.
(Eu não vi, não sei baixar da internet, nem sei se vale a pena.)
Li em algum lugar, anotei na certeza que renderia uma boa crônica.
Então: quanto tempo dura o amor mesmo?
Copie a frase e acesse na rede: aproximadamente 2.910.000 resultados em 0,31 segundos para buscar uma resposta que não vai dar em nada.
Ora, a minha curiosidade vai bem além dos microsegundos googlianos.
Quanto tempo dura o amor?
Eis a questão machadiana que sempre me intrigou...
Antes que o amor vire companheirismo? – perguntou uma conhecida, dona de uma clínica de botox. (Amor para ela é enxerto. Desconfio, mas não ouso dizer.)
Antes que o amor vire parentesco? – avinagrou meu amigo mais sarcástico que mora no interior de Estrela.
Antes que vire tédio?
E o tédio escancare a porta da traição?
E a traição vire remorso e o remorso se dissolva em lágrimas e estas no travesseiro se transformem em que mesmo?
- Fingimento – grita em uníssono o coral das desiludidas.
Dessa patuscada fraternal não se consegue uma reflexão que resulte em metamorfose literária. (Da proposta do amor a coisa descambou para a paixão e quase perco o fio da meada.)
“Você vai sofrer muito,
mas vai valer a pena,
porque o amor não é para a gente ser feliz,
é para se sentir vivo.”
- Domingos de Oliveira -
Concordo também.
E que seja infinito enquanto dure – não cantava Vinicius, bebendo seu uísque e compondo as mais belas canções enquanto se casava nove vezes no devir do louco amor?
Não precisa ser poeta para saber que o amor vive por soluços.
Dura através de pausas. Temperaturas. Silêncios.
E, principalmente, perdões.
* Minha crônica nos jornais A Hora, de Lajeado e no Opinião, de Encantado.
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