A cada dia o Clube se descaracteriza. De campestre vira jardim de casa. E tem quem ache bonito. A passarela que fizeram na entrada secundária, por exemplo. Ao lado daquele banheiro fedido da arquibancada do tênis. Bela metáfora para nossa social fazdiconta. Tapa aqui, vaza na outra ponta. E a manada concorda com tudo.
Empresário compra diversos títulos do CTC, contrata os “profi do amador”, monta um time e bota pra disputar minifutebol. Não é lucrativo para o Clube? É.
E não é uma bela forma de esquentar o dinheiro? É.
Exatamente como na construção civil.
É.
Depois, um sócio me conta. Se fosse dizquidizqui não acreditaria. Mas minhas orelhas esquentaram no tête a tête:
- Como é que a burguesia do Alto do Parque não se manifesta contra o Rodeio no Parque do Imigrante? A burguesia tem que fazer algo. Tu não acha? Um cara vai lá monta um rodeio e enche os bolsos de grana.
- E não pode? Esse Clube não enche os bolsos também?
- Mas é pro Clube.
- E daí?
- E os bichos? Coitados dos bois? Porque tu não bota essa exploração no teu blog? Essa maldade contra os bichos...
- Ta preocupado?
- Não. Mas, com a merda que fica secando no Parque e fedendo no bairro todo. Fora aquela barulheira infernal.
- Pensei que merda fosse esse helicóptero enchendo o dia todo com a barulheira no céu.
- Cadê a burguesia que não se revolta?
- É, cadê?
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