CENSO, RECENSEADOS, CENSORES...
"Não fui um número no último censo feito em Cuba. Não apareci na cifra de 11.177.143 pessoas que – por decisão ou resignação – habitavam, naquele momento, o território nacional. Asfixiada pela falta de perspectivas havia saído do país uns meses antes que começasse a grande contagem. Porém recordo que meus parentes e amigos me escreviam assustados sobre aqueles trabalhadores sociais que batiam nas portas e faziam um montão de perguntas. Num país onde a grande maioria tem algo que esconder, toda indagação que provenha do Estado torna-se suspeita. (...)
Recentemente anunciou-se um novo censo populacional e a televisão não poupa comerciais de televisão, programas ou reportagens para afastar as desconfianças que este origina. Anuncia-se que não se pedirá aos entrevistados um documento de identidade e que a informação só terá um “uso estatístico”… Não policial. Porém derrubar o muro da desconfiança não é tão fácil, especialmente numa sociedade onde a intimidade do lar tem sido muito vulnerada pelas instituições oficiais. (...)
Não obstante as apreensões e as dúvidas, realizar tal inventário seria de grande utilidade nos dias de hoje. Poderíamos confirmar com números algumas tendências que saltam aos olhos. Entre elas se encontra o marcante envelhecimento populacional, a baixa natalidade e a emigração crescente. Provavelmente mesmo que os sociólogos consigam chegar ao número, nunca nos será informada as taxas de suicídios, divórcios ou abortos, porque são cifras que desfazem a imagem do “paraíso insular”. - DO BLOG DA YOANI
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