terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

“QUANTO RISO! OH! QUANTA ALEGRIA!”


Carnaval no Clube Recreativo

E aí, com a fantasia pronta?
Ou com o pé na estrada para se esconder da folia?
Férias: acabou-se o que era doce.
Por falar nisso, você não tem a impressão que os dias estão atropelando as  horas?
Já se passaram dois meses de ventilador ligado e ainda estou com o amigo-secreto do Natal nitidamente na lembrança. Nesse breve período contabilizo dois livros sem final, uma erosão de sorvete, litros de repelente, águas de praia e piscina. 
O rei Momo bate à porta e aposto que você está com o material escolar devidamente organizado. Sim, as datas se tornaram autofágicas.
Andamos online com o sol e com a lua e não arriscamos maiores divagações poéticas  porque não há quem agüente tanto calor. O vale do Taquari arde e assim não dá tempo nem de fixar datas na lembrança. Torram todas.
Não dá tempo de refletir sobre perdas.
Não dá tempo para curtir e guardar as boas emoções.
Até as  polêmicas perdem a força ao final do dia.
Não dá tempo sequer de fantasiar.
Sim, não há memória que suporte tanta informação, tanta liquefação.
Por isso sugiro que você vista uma fantasia de coelho e espere a Páscoa no virar da folhinha atrás da porta. Do jeito que se evaporam os dias, ta logo ali.

“FOI BOM TE VER OUTRA VEZ...”
Sim, sim, nada é para durar diz o sociólogo  polonês Zygmunt Bauman: “Vivemos tempos líquidos.” - porque tudo muda muito rapidamente e nada se solidifica.
A essa fusão de momentos cabe perfeitamente a sensação que vivemos: o tempo se esvai, o tempo atropela um domingo no outro. Os dias da semana escorregam e quando damos por conta já é sexta-feira. Mais uma balada, mais uma estrada, mais uma formatura, mais um velório, mais um Faustão e chegamos exaustos na segunda-feira para encarar o patrão, os funcionários, os alunos, a professora.
Será que ainda lembramos de respirar?

“EU QUERO MATAR A SAUDADE...”
O que mais me dói nessa pressa toda é a distância que se impuseram nas relações.
As pessoas querem ser amigas pelo facebook.
As pessoas querem trocar afetos por torpedos.
As pessoas querem tomar chimarrão pelo skype.
Querem fazer amor no chat de conversação.
Querem confiar uma nas outras por email.
E dê-lhe antidepressivo – lamento dizer – para suportar esse mundo acelerado, de alegrias imediatas e perdas espirituais.
Mas agora é tempo de carnaval. Festa popular.
Contato de corpos e salivas que duram o tempo de uma volta no salão.
Ops, não tem mais salão?  

“Está fazendo um ano,
Foi no carnaval que passou.
Eu sou aquele Pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor....”


Um comentário:

Anônimo disse...

Muito legal ver registros que nem sabemos que existem!Nesta foto meu avô materno que agradeço imensamente por me ensinar violão e me tornar amante da música!No fundo da foto,segundo a direita:Ignácio Eidelwein...coisa boa isso...