terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A NATUREZA SE EXPLICA...

@ "Como colaboração e para que não fiquem dúvidas qto as causas da enchente... que deixou um rastro de destruição em municípios da região, além de causar prejuízos, resultou em diversas dúvidas à moradores dos locais atingidos, sobre as causas e a possibilidade do fato se repetir.

Na semana passada (janeiro) percorremos juntamente com engenheiro da Prefeitura de Marques de Souza, Edson Diel Lopes, trechos próximos a nascente do Rio Fão nos municípios de Fontoura Xavier, Soledade e Barros Cassal a procura de uma explicação para o fenômeno já que este foi o manancial que apresentou maior volume de água e poder de destruição nos municípios de Marques de Souza e Travesseiro.

O Rio Fão tem sua nascente no centro da cidade de Soledade e os estragos ainda podem ser visto á cerca de cinco quilômetros após, com dezenas de árvores arrastadas pela enxurrada.

Vinte quilômetros abaixo está a Barragem do Fão, usina geradora de energia da Cerfox Cooperativa de Eletrificação Rural de Fontoura Xavier que teve as casas de máquinas totalmente destruídas, porém a barragem não rompeu.

De acordo com o medidor pluviométrico do local, na noite do dia 3 de janeiro choveu 150 milímetros, índice que se repetiu na manhã da segunda-feira, dia 4.

Mas os estragos maiores e que tiveram reflexos diretamente aqui no Vale do Taquari, aconteceram em Linha Formigueiro, uma localidade de difícil acesso à 25 quilômetros de
Fontoura Xavier.

Para chegarmos ao local, percorremos seis quilômetros a pé, durante três horas, transpondo riachos e barreiras de pedras, pois as estradas foram totalmente destruídas.

Neste local aconteceu um fato até então inédito segundo os moradores.

Foram mais de uma centena de deslizamento de pedras, terras e árvores nos morros (ravinas) que circundam o Rio Fão.

Ainda naquela região houve a destruição das pontes que ligam Fontoura Xavier com Barros Cassal e Progresso. “Foi como o mundo estive acabando, ouvimos um estouro enorme, mais forte que um trovão e os morros vieram abaixo”, relatou um morador.

Conforme o engenheiro Edson Diel Lopes, nos períodos em que o índice de chuvas aumenta, o solo torna-se mais pesado, tendendo ao desmoronamento em áreas de declive acentuado. O solo encharca e a água desagrega as partículas do solo, fazendo com que o solo deslize.

“No caso da várzea do Rio Fão, a gente vê claramente que a cobertura vegetal era intocada e infelizmente ocorreu o desmoronamento em vários pontos”.

Segundo ele as encostas de rocha e solo são enfraquecidas por via da saturação com água proveniente de grandes chuvas e causam movimento de rochas e sedimentos montanha abaixo principalmente devido à força da gravidade.



Cerfox
“A climatologia mostra que existe uma freqüência de excesso de chuvas que pode ocorrer de período em período, e é variável em cada região do mundo. A periodicidade pode ser de ano em ano, de décadas e até séculos; dessa forma a população ou os planejadores urbanos não se dão conta da gravidade que pode acarretar”.

Para o profissional, os dados geológicos indicam que na região os solos são dispostos em taludes inclinados com elevado índice de porosidade e percolação, o que favorece o encharcamento e saturação; devido à disposição inclinada e à ação da gravidade ocorrem os deslizamentos e desmoronamentos.

Ele também ressalta ainda que o Rio Fão corre por um vale estreito e alongado com declividade acentuada e com vale encaixado em estruturas geológicas.





É uma pena que não temos os registros das chuvas nos municípios de Fontoura Xavier e Soledade, poderíamos evitar muitos prejuízos, pois leva quatro horas para as águas chegarem a Marques de Souza”, finaliza.

Reportagem de Alício de Assunção
Jornal O Informativo

COMPLEMENTANDO...
Conforme a Radio Independente, um levantamento detalhado sobre as perdas com as inundações de quatro de janeiro foi concluído pelos técnicos da Emater a pedido das lideranças sindicais da região. O objetivo é tentar recursos emergenciais, uma vez que na maioria das situações o agricultor não tinha cobertura de seguro.


No total, 19.780 propriedades acusaram prejuízos: 228 moradias com danos; 257 galpões; 58 aviários; 77 chiqueirões e 18 propriedades foram varridas do mapa pela forças das águas. No mesmo relatório estão contabilizadas baixas também na fruticultura e olericultura.

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